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Oriente Médio

Israel paralisa planos de construção de usinas nucleares

17 mar 2011 - 16h45
(atualizado às 17h56)
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu que o acidente atômico no Japão o fez "reconsiderar" os projetos de construção de usinas nucleares em seu país, que está estacionado há vários anos. "Não acho que vamos desenvolver energia nuclear civil nos próximos anos. Acho que vamos apostar no gás e deixar de lado a nuclear", disse em uma entrevista à rede de televisão americana CNN.

Netanyahu reconhece que, antes da catástrofe no Japão, "estava muito mais animado" com os "projetos de construção de várias usinas de energia nuclear" em seu país do que está agora. "A nuvem de radioatividade, a incerteza sobre o que acontecerá com ela, é a nuvem que paira sobre o Japão e acho que, atualmente, sobre o mundo inteiro. Tenho que dizer que me fez reconsiderar os planos", diz na entrevista.

O chefe de governo israelense acredita que a perda de geração energética pode ser compensada com a recente descoberta no litoral de Israel de "Leviatã", a maior reserva marítima de gás encontrada no mundo na última década e que deve assegurar ao país um século de autossuficiência energética.

Israel, um dos poucos países que não assinou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), planejava construir uma usina nuclear com fins civis no deserto do Neguev, no sul de seu território. Desenhado há anos, o projeto foi anunciado publicamente pelo ministro das Infraestruturas, Uzi Landau, em março de 2010 em uma conferência em Paris promovida pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Landau propôs na época realizar o projeto com a Jordânia e sob supervisão da França. Israel desenvolve armas de destruição em massa na famosa e inacessível usina de Dimona, segundo revelou nos anos 1980 um de seus ex-técnicos, Mordechai Vanunu, que entregou fotografias da usina a um jornal britânico.

Seduzido por uma agente dos serviços secretos israelenses no exterior, Vanunu foi preso na Itália, julgado em seu país por alta traição e preso durante 18 anos, 11 deles sozinho. Embora Israel pratique uma política de ambiguidade sobre seu arsenal nuclear (nem confirma nem desmente), o mundo dá por certa sua existência e especialista militares a calculam em 200 ou 300 ogivas nucleares.

O país adquiriu sua capacidade nuclear na década de 1950 com ajuda, principalmente, da França.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 5,4 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

EFE   
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