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Ásia

Japão inicia operação para acabar com escassez de gasolina

17 mar 2011 - 12h10
(atualizado às 16h54)
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O governo do Japão anunciou nesta quinta-feira uma grande operação para pôr fim à escassez de combustível no país, medida que se soma a outras para facilitar o transporte de água e alimentos, que se mostra como grandes necessidades para os milhares de refugiados após o terremoto e posterior tsunami do último dia 11.

Multidão faz fila à espera de uma senha para poder comprar combustível em um posto de Tonoi
Multidão faz fila à espera de uma senha para poder comprar combustível em um posto de Tonoi
Foto: AFP

O Executivo japonês se pôs em contato com as petrolíferas do oeste do Japão para que enviem 20 mil quilolitros de gasolina e carburante às regiões mais afetadas pelo terremoto no norte e leste do Japão.

O ministro da Economia, Comércio e Indústria, Banri Kaieda, pediu às refinarias que aumentem sua atual operabilidade de 80% para mais de 95%, a fim de acabar com a falta de combustível e com as filas de espera nos postos de gasolina das áreas devastadas pelo terremoto e posterior tsunami da sexta-feira passada.

Postos de gasolina do nordeste do país serão designados como prioritários para o fornecimento de combustível aos veículos de emergência, como carros-patrulha e caminhões dos bombeiros, que também se viram afetados pela extrema escassez dos últimos dias.

O combustível se transformou em uma das principais necessidades diante da crise, já que é essencial para facilitar o deslocamento dos veículos, depois que nos últimos dias os automóveis de regiões como Iwate, Miyagi e Fukushima tenham tido de recorrer a longas filas de espera para abastecer.

A falta de combustível chegou a tal ponto que, em alguns abrigos, houve problemas para manter em funcionamento os aquecedores que protegem idosos e famílias inteiras da onda de frio e neve no nordeste do país.

Por isso, o Governo também iniciará um plano de emergência para distribuir óleo de calefação aos abrigos e às pessoas mais afetadas pela destruição de suas casas e pelo temporal de neve em regiões como Iwate.

Os cerca de 2,2 mil refúgios distribuídos na zona nordeste do país acolhem 420 mil desabrigados, que, após sobreviver ao terremoto, ainda enfrentam novas ameaças em meio ao frio crescente e a uma rotina desoladora.

Pelo sexto dia consecutivo, uma porção de arroz, um pouco de carne e de sopa foi o cardápio comum para aqueles que ficaram sem lar após o terremoto de magnitude 9 de Tohoku e posterior tsunami, que deixou até o momento 5.429 mortos e 9.594 desaparecidos, segundo boletim da polícia japonesa.

O desastre natural e a crise nuclear da central de Fukushima Daiichi, situada em uma região famosa pela produção de sal, impactou também com força na indústria alimentícia japonesa.

A Associação da Indústria de Sal do Japão liberou nesta quinta-feira 900 toneladas de sal de suas reservas, diante dos problemas de fornecimento na indústria alimentícia como consequência das interrupções em seis fábricas do país.

Esta é a primeira vez que o Governo japonês retira sal de suas reservas, algo que se soma à decisão excepcional de quarta-feira de liberar os estoques de arroz para enfrentar as necessidades da população afetada.

A escassez de produtos básicos em alguns lugares do Japão, como em Tóquio, piorou porque muitos decidiram fazer estoques de mantimentos e combustível perante as incertezas da situação, embora o Governo tenha feito um apelo para desestimular tal prática.

Os cortes intermitentes de energia elétrica podem se agravar em Tóquio com o aumento dos gastos com energia, diante da onda de frio e neve que se intensificou na quarta-feira, enquanto a falta de eletricidade nas zonas mais afetadas impossibilita a população de entrar em contato com suas famílias.

Ao mesmo tempo, os 80 mil soldados que colaboram com as equipes de resgate continuam buscando os desaparecidos, que poderiam ultrapassar os 10 mil.

As autoridades japonesas pediram à Polícia que acelere os procedimentos de identificação, ao passo que a região de Miyagi carece de voluntários para atender às famílias das vítimas, afetadas pelo tsunami que reduziu a escombros localidades inteiras, como Minami Sanriku.

Em regiões como Iwate e Fukushima, a polícia busca agilizar o anúncio dos nomes, idades e endereços das vítimas para acelerar os processos de identificação.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 5,4 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

EFE   
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