PUBLICIDADE

Ásia

Crise nuclear deixa Tóquio com ares de cidade fantasma

16 mar 2011 - 15h39
(atualizado às 17h46)
Compartilhar

Regiões em geral movimentadíssimas de Tóquio, com funcionários de escritórios lotando os restaurantes e lojinhas, estão quietas. Muitas escolas permanecem fechadas. As empresas autorizaram os trabalhadores a ficarem em casa. Longas filas se formam nos aeroportos.

Cinco dias depois do tremor, Tóquio não passa nem perto da Capital reconhecida pelas multidões nas ruas
Cinco dias depois do tremor, Tóquio não passa nem perto da Capital reconhecida pelas multidões nas ruas
Foto: Kyodo News / AP

Enquanto as autoridades japonesas se esforçam para evitar um desastre em um complexo nuclear situado 240 km ao norte da capital, partes de Tóquio parecem uma cidade fantasma. Muitas pessoas estocaram alimentos e permanecem em casa; outras partiram. Com isso, uma das maiores e mais densamente povoadas cidades do mundo teve a aparência transformada.

"Olhe, parece domingo - nenhum carro na cidade", disse o taxista Kazushi Arisawa, 62 anos, enquanto aguardava havia mais de uma hora o surgimento de algum cliente na frente de um edifício empresarial onde no geral encontra clientes em minutos. "Não dá para ganhar dinheiro hoje."

A radiação em Tóquio tem sido desprezível, atingindo brevemente três vezes o índice normal na terça-feira ¿ menos do que o equivalente a um raio-X no dente. Na quarta-feira, os ventos sobre a usina nuclear de Fukushima sopraram em direção ao mar, mantendo os níveis próximos ao normal.

Isso, no entanto, pouco fez para dissipar a ansiedade da população com relação ao complexo nuclear de 40 anos com três reatores com derretimento parcial e um quarto com o combustível atômico usado exposto à atmosfera depois do terremoto e do tsunami de sexta-feira. "A radiação se move mais rapidamente do que nós", disse o norte-americano Steven Swanson, de 43 anos, que se mudou para Tóquio em dezembro com a mulher japonesa para ajudar nos negócios da família.

Ele permanece em ambientes fechados, mas está tentado a partir. "É assustador. É uma ameaça tripla com o terremoto, o tsunami e os vazamentos de radiação nuclear. Isso faz você perguntar o que vem a seguir." Uma série de eventos importantes foi cancelada, incluindo o Campeonato Mundial de Patinação Artística, a Fashion Week do Japão e a Feira Internacional de Animes de Tóquio. Os organizadores citam as "circunstâncias extremas".

Abastados, os banqueiros estrangeiros fogem rápido, alguns em aviões particulares. Entre os bancos cujos funcionários partiram depois de sexta-feira estão o BNP Paribas, o Standard Chartered e o Morgan Stanley, segundo fontes da indústria. Milhares de pessoas correram às empresas de jatos privados com pedidos de voos para sair da região, levando o preço às alturas.

"Recebi uma solicitação ontem para levar 14 pessoas de Tóquio para Hong Kong...eles não se importavam com o preço", disse Jackie Wu, diretor operacional da Hong Kong Jet, subsidiária recém-estabelecida do HNA Group, da China. Um avião fretado de Tóquio para Austrália, apenas ida, custava US$ 265 mil, 20% a mais do que o habitual, disse ele.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 4,3 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos podem chegar a US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade