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Ásia

Japão acompanha atento operadores que atuam na usina em risco

16 mar 2011 - 14h46
(atualizado às 15h43)
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Os 50 trabalhadores da usina nuclear de Fukushima, considerados heróis pela população por arriscar suas vidas para tentar reparar os problemas provocados pelo terremoto e o tsunami, mantêm o país em grande expectativa. Estes funcionários tentam refrigerar quatro dos seis reatores da usina nuclear de Fukushima 1 e evitar um colapso do complexo nuclear que provocaria um acidente de proporções incalculáveis.

Imagem de arquivo mostra um dos funcionários da usina nuclear de Fukushima, que corre risco de dentrar em colapso
Imagem de arquivo mostra um dos funcionários da usina nuclear de Fukushima, que corre risco de dentrar em colapso
Foto: AP

As várias explosões e o incêndio registrados na central nuclear provocaram perigosos níveis de radiação, o que obrigou a empresa Tokyo Electric Power Co (Tepco), encarregada de operar a central, a retirar a maior parte de seus funcionários. O pessoal foi evacuado na quarta-feira depois que houve um aumento dos níveis de radiação, em meio aos temores de uma possível contaminação radioativa.

"As pessoas que trabalham lá estão lutando sem fugir", escreveu Michiko Otsuki, um empregado da central nuclear de Fukushima 2, na rede social japonesa Mixi. "Agora só posso rezar pela segurança deles. Por favor, não esqueçam que existem pessoas que estão trabalhando para proteger nossas vidas arriscando as próprias vidas", acrescentou.

Por sua parte, o primeiro-ministro Naoto Kan elogiou os esforços e a coragem de seus compatriotas que estão atuando na usina nuclear. "Os trabalhadores da Tepco e das empresas envolvidas estão trabalhando para jogar água, esforçando-se ao máximo nesse momento, sem pensar duas vezes no perigo", indicou Kan.

Enquanto isso, milhares de habitantes tiveram de ser evacuados num raio de 20 a 30 km em torno da central nuclear, que tem 40 anos. Da mesma forma, Kan pediu às pessoas que vivem nos arredores que fechem as janelas de suas casas e evitem sair. O diretor de pesquisa radiológica de Columbia, David Brenner, assinalou que dado os níveis de radiação detectados nas instalações, os trabalhadores se acham sob um "risco significativo".

"Em muitos sentidos, eles já são heróis, pois vão sofrer uma alta exposição à radiação", explicou Brenner. Edano disse que o nível se manteve estável perto da porta principal da usina na tarde desta quarta, depois de alcançar níveis perigosos previamente.

No entanto, o jornal Yomiuri Shimbun informou na terça-feira que o ministério da Defesa do Japão criticou a agência de segurança nuclear e TEPCO depois que alguns de seus soldados ficaram feridos, provavelmente devido à exposição à radiação. As forças de segurança se deslocaram para o reator 3 quando aconteceu uma explosão na estrutura de contenção.

"Disseram que era seguro e nós acreditamos, por isso trabalhamos lá", explicou o ministério da Defesa. "Conhecemos a proteção sobre radiação, mas não somos especialistas na estrutura de reatores. Quando nos comunicaram que estava a salvo, também acreditamos, embora sentíssemos que não era algo fácil", acrescentou.

Baku Nishio, chefe do Centro de Informação Nuclear do Cidadão, que faz campanha contra a energia nuclear, afirmou que os 50 homens estão provavelmente atuando mais por "um senso de dever do que por algum sentimento de heroísmo". "Acho que é um grave problema que o país deposite seu destino nas mãos de um pequeno grupo que trabalha na base do desespero", comentou.

"Precisamos compreender que essa é a natureza das usinas nucleares", afirmou ainda, acrescentando que esta crise pode levar a mudanças na política de energia atômica do país.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 4,3 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos podem chegar a US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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