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Ásia

Rebeldes nomeiam comandante; Kadafi avança no leste

15 mar 2011 - 19h55
(atualizado às 21h07)
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Um ex-ministro do Interior foi nomeado na terça-feira comandante das forças rebeldes no leste da Líbia, enquanto as tropas do governo retomaram o controle de mais cidades no leste do país.

Abdel Fattah al Abidi Younes, que deixou o cargo de ministro no começo do mês para apoiar a revolta contra Muammar Kadafi, agora comandará todas as forças rebeldes, disse um porta-voz do Movimento 17 de Fevereiro, coalizão rebelde que domina a cidade de Benghazi e outras localidades no leste do país.

Nos últimos dez dias, as forças de Kadafi têm realizado uma contraofensiva e avançado para leste pelo litoral, retomando localidades petrolíferas como Es Sider, Lanuf Ras e Brega. Recuperaram também Ajdabiya, vista como a porta de entrada para a região leste. Ajdabiya fica a cerca de 140 km ao sul de Benghazi.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

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