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Ásia

Cientistas: resfriamento de usina poderá falhar no Japão

15 mar 2011 - 15h57
(atualizado às 16h19)
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Se os níveis de radiação continuarem a aumentar nas usinas nucleares do Japão, trabalhadores precisarão ser retirados e as medidas de resfriamento poderão falhar, informaram os cientistas nesta terça-feira. "Estou muito preocupado com o fato de as atividades atuais terem se tornado mais e mais desafiadoras caso os níveis de radiação continuem subindo para os trabalhadores que estão atuando no local", disse o físico Edwin Lyman, especialista em plantas de usinas nucleares.

Imagem da TV NHK mostra um dos reatores da usina nuclear de Fukushima, onde existe risco de vazamento radioativo
Imagem da TV NHK mostra um dos reatores da usina nuclear de Fukushima, onde existe risco de vazamento radioativo
Foto: AFP

"Não sei (se houve uma retirada de todos os trabalhadores), se o sistema de resfriamento improvisado que agora eles têm pode ser mantido", disse Lyman a jornalistas durante coletiva com colegas da União de Cientistas. Níveis de radiação em torno da usina de Fukushima Nº 1, na costa leste, "subiu consideravelmente", informou o primeiro-ministro Naoto Kan mais cedo, e seu porta-voz anunciou que atingiu o ponto de representar um perigo para a saúde humana.

Em Tóquio, 250 km a sudoeste, autoridades também afirmaram que os níveis de radiação estavam acima do normal na capital, a maior área urbana do mundo, mas não em níveis prejudiciais. Lyman descreveu essas informações como "acontecimentos problemáticos".

"Eles eram esperados, mas demonstram a mobilidade dos produtos de fissão nuclear que estão sendo expelidos do local e sua habilidade de serem levados a longa distância pelo vento", disse. A crise na usina nuclear de Fukushima piora diariamente desde o terremoto de sexta-feira seguido de tsunami que atingiu o sistema de refrigeração.

Explosões atingiram os edifícios dos reatores 1 e 3 no sábado e na segunda-feira. Nesta terça-feira, uma explosão atingiu o reator 2 da usina e também houve uma explosão no reator 4 que originou um incêndio. A operadora da usina informou nesta terça-feira que pode ser necessário utilizar helicópteros para derramar água em um tanque de contenção para conter o superaquecimento das barras de combustível.

A Tokyo Electric Power (TEPCO) já tomou a drástica medida de usar água do mar para resfriar o reator 1 - onde uma enorme explosão no sábado destruiu o edifício de concreto, mas deixou o reator intacto. O uso da água do mar disponível, mas corrosiva, é visto como um passo desesperado e a admissão de que o reator não deve operar mais.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 3,3 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 170 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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