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Ásia

Em pânico com crise nuclear, japoneses pagam US$ 500 por pílulas

15 mar 2011 - 12h44
(atualizado às 13h09)
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Em pânico por causa da crise nuclear japonesa, os asiáticos começaram a fazer estoques de pílulas de iodeto de potássio, chegando a pagar US$ 500 por uma cartela em leilões na internet, mas especialistas em saúde alertam que a eficácia destes comprimidos é limitada para bloquear os efeitos nocivos da exposição a altos níveis de radiação.

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Depois de mais uma explosão na central nuclear de Fukushima 1, na costa nordeste do Japão, equipes de técnicos trabalham dia e noite para tentar resfriar os reatores, que estão emitindo níveis preocupantes de radiação que ameaçam contaminar Tóquio.

Empresas americanas que comercializam o iodeto de potássio, que protege contra doenças provocadas pela radiação, viram seus estoques evaporarem, enquanto farmácias da costa oeste, banhada pelo Oceano Pacífico, não estão dando conta da demanda pelo medicamento.

"Estamos lotados de pedidos, mas estamos trabalhando o mais rápido possível para atender à demanda", indicou a NukePills.com, que vendeu todo o seu estoque de comprimidos de iodeto de potássio. "Estamos sofrendo atrasos no envio devido à crise nuclear no Japão, de uma semana ou mais".

O iodeto de potássio é um sal utilizado para saturar a tireóide com iodo, condicionando-a a bloquear o iodo radioativo (iodine 131), altamente cancerígeno.

A Anbex, que também fabrica comprimidos da substância, indicou que seus estoques terminaram, e que não deve disponibilizar novos lotes até 18 de abril.

Uma cartela com 14 comprimidos chegou a ser comprado por US$ 540 em um leilão on-line no eBay. No Twitter, as pessoas estavam tão histéricas sobre o risco de contaminação e a necessidade de tomar o medicamento que a Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a divulgar mensagens para acalmar a população.

"Consulte seu médico antes de tomar iodeto de potássio. Não se automedique!", diz um dos tuites da OMS.

De acordo com a OMS, o iodeto de potássio "não é um antídoto à radiação" e não oferece proteção contra elementos radioativos como o césio. Além disso, pode representar um risco para algumas pessoas, incluindo mulheres grávidas.

A OMS também lançou um alerta urgente na Ásia, onde as pessoas estavam comprando iodo líquido (usado para curar pequenos ferimentos) e bebendo ou injetando o líquido diretamente na veia.

Comprimidos de iodeto de potássio não são vendidos em farmácias neste continente, e geralmente só pode ser adquirido por hospitais ou pacientes com prescrição médica.

"Isso é uma loucura, as pessoas estão lendo sobre a situação no Japão e exigindo comprimidos de iodeto de potássio, mas a maioria das farmácias não tem o remédio em seus estoques", disse Paul Ho, farmacêutico de Kuala Lumpur.

"Há ainda e-mails circulando que instruem as pessoas a fazer uma compressa de iodo antisséptico ao redor do pescoço para ajudar a cortar a absorção de radioatividade", acrescentou.

Apesar da completa inutilidade deste procedimento, Ho afirma ter vendido todo o seu estoque de solução antisséptica de iodo em poucos dias.

"As pessoas não devem entrar em pânico. O ministério da Saúde está monitorando a situação de perto", declarou à AFP Liow Tiong Lai, ministro da Saúde da Malásia.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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