Japão: ventos afastam radioatividade para o oceano
15 mar2011 - 08h36
(atualizado às 09h00)
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Os ventos estão afastando para o oceano a radioatividade que paira sobre o Japão e outros países, indicou nesta terça-feira uma porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU.
"Todas as condições meteorológicas estão levando (a radioatividade) para o mar, sem implicações para o Japão ou outros países próximos", afirmou Maryam Golnaraghi, coordenadora do programa de redução de riscos em desastres nucleares.
As condições "vão variar à medida que os sistemas meteorológicos evoluem", explicou Golnaraghi. "Ainda não poderemos dizer, ao longo dos próximos dois ou três dias, o que vai acontecer", acrescentou.
Mais cedo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia alertado para a emissão direta de substâncias radioativas na atmosfera.
"As autoridades japonesas informaram hoje à AIEA às 04h50 (0h50 de Brasília) que a piscina de depósito de combustível usado do reator número 4 da central de Fukushima Daiichi estava em chamas, e que emitia radioatividade diretamente na atmosfera", indicou a AIEA em um comunicado.
O incêndio do reator 4 está "aparentemente apagado", indicou a mídia japonesa.
"O incêndio que aconteceu no quarto andar do reator 4 está aparentemente apagado", indicou a agência Jiji.
Além disso, as autoridades japonesas informaram à AIEA que uma explosão ocorreu no reator da mesma central às 06h20 (02h20 de Brasília).
"Foram aferidas no local taxas de radioatividade de até 400 millisieverts por hora", acrescentou a AIEA.
Segundo um porta-voz do governo japonês, a preocupação agora é com os reatores 5 e 6 de Fukushima, que registraram uma leve alta da temperatura nesta terça-feira.
"Observamos uma leve elevação da temperatura nos reatores 5 e 6", disse Yukio Edano, porta-voz do governo.
Estas duas unidades estavam desligadas para manutenção no dia no terremoto. Para especialistas, o aquecimento pode se dever a um problema no sistema de resfriamento.
Terremoto e tsunami devastam Japão
Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.
Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 2,7 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso,s prejuízos já passam dos US$ 170 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.