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Ásia

Tailândia exuma 26 corpos de cemitério clandestino de imigrantes ilegais

2 mai 2015 - 11h18
(atualizado às 11h18)
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Vinte e seis corpos foram retirados de um cemitério clandestino em plena selva no sul da Tailândia, provavelmente de imigrantes ilegais de Mianmar ou de de Bangladesh vítimas de traficantes.

Apenas duas pessoas sobreviveram no local, segundo a polícia.

"Temos 26 corpos no total", anunciou à AFP Jarumporn Suramanee, diretor da polícia científica.

Ele afirmou que os legistas devem estabelecer as causas das mortes e se as vítimas foram torturadas.

As forças de segurança terminaram neste sábado de examinar as imediações do acampamento, criado a algumas centenas de metros da fronteira com a Malásia, na província de Songkhla (sul), uma área de passagem pela qual transitam milhares de refugiados a cada ano.

As autoridades encontraram no cemitério clandestino esqueletos e corpos de pessoas que morreram há poucos dias.

O chefe da polícia nacional, Somyot Poompanmoung, descreveu o acampamento de passagem com uma "prisão" na qual os refugiados foram colocados em jaulas de bambu.

Poompanmoung acredita que as vítimas são refugiados rohingyas, uma minoria muçulmana da vizinha Mianmar e que está entre as mais perseguidas do mundo, segundo a ONU

Os rohingyas tentam fugir para a Malásia.

A existência destes acampamentos na selva do sul da Tailândia "não é uma surpresa", lamentou neste sábado a ONG Human Rights Watch (HRW).

Em janeiro, a junta militar que governa a Tailândia anunciou a investigação de vários funcionários por tráfico de seres humanos.

A HRW denunciou que o problema do tráfico de seres humanos está "fora de controle" na Tailândia e solicitou uma investigação internacional.

Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, os refugiados têm que pagar aos traficantes para conseguir sair dos acampamentos instalados na selva e atravessar a fronteira malaia. Caso não paguem, eles são abandonados na selva.

A polícia tailandesa acredita que os outros integrantes do grupo foram levados para o território malaio e que os traficantes abandonaram os mortos e os dois feridos.

Os dois sobreviventes, de 25 e de 35 anos, foram atendidos em um hospital de Pedang Besar, mas os médicos impediram qualquer contato com a imprensa.

"O mais velho não conseguia andar", disse o médico Kwanwilai Chtpitchayanku à AFP.

O médico afirmou que o homem de 35 anos explicou que teve quadros de febre nos últimos dois meses na selva, o que confirmaria que os dois homens passaram muito tempo detidos.

Milhares de rohingyas fugiram de Mianmar após uma violenta onda de violência religiosa em 2012.

Os confrontos entre budistas da minoria rakhin e os rohingyas muçulmanos deixaram mais de 200 mortos e 140.000 deslocados no estado de Rakhin (sudoeste), em sua maioria muçulmanos que vivem em campos, sem acesso a cuidados médicos, educação ou trabalho.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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