Nobel da Paz anuncia intenção de disputar presidência de Mianmar
A líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, declarou nesta quinta-feira que deseja disputar a eleição presidencial prevista para 2015, considerada a primeira disputa livre no país em mais de meio século. "Quero ser candidata à presidência e sou bastante clara sobre o tema", disse no Fórum Econômico Mundial sobre o leste da Ásia, celebrado na capital de Mianmar, Naypyidaw.
A Prêmio Nobel da Paz é deputada desde as eleições legislativas parciais de 2012. Antes, Suu Kyi passou 15 anos em prisão domiciliar durante o antigo regime da junta militar. Ela já havia dado a entender em várias ocasiões que pretende disputar a eleição presidencial. "Se afirmasse que não quero ser presidente, não seria honesta", disse para quase mil pessoas procedentes de mais de 50 países para o "Davos asiático".
Ela recordou, no entanto, que a atual Constituição impende um birmanês casado com um estrangeiro de disputar o cargo de chefe de Estado. O falecido marido da Prêmio Nobel, Michael Aris, era britânico, assim como seus dois filhos. "Para que eu possa ser eleita à presidência, seria necessária uma emenda da Constituição", disse Aung San Suu Kyi.
A defensora da democracia conseguiu passar de inimiga número um da junta birmanesa a líder da oposição parlamentar. Uma evolução estimulada pelo presidente, Thein Sein, que chegou ao poder em março de 2011 depois da "autodissolução" da junta e lidera um programa reformista, que obteve a suspensão das sanções ocidentais.