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Ásia

Sul-coreanos fazem reunião de emergência após ataque

23 nov 2010 - 05h52
(atualizado às 10h21)
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Funcionários do alto escalão do governo sul-coreano realizam uma reunião de emergência nesta terça-feira, depois que a artilharia norte-coreana abriu fogo no Mar Amarelo contra a ilha de Yeonpyeong. Da reunião participa o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, que afirmou estar tentando evitar um conflito maior.

Coreia do Norte abre fogo contra Coreia do Sul:

O ataque ocorreu às 14h30 locais (3h24 de Brasília) e deixou ao menos dois soldados mortos e 13 feridos. Mais de 60 casas e prédios ficaram em chamas, e dezenas de civis e militares foram forçados a evacuar o local e se dirigir a abrigos. Mais de 200 projéteis teriam sido disparados contra a ilha.

Seul confirmou ter respondido com fogo de artilharia e que envia jatos F-16 ao ataque. O governo sul-coreano também elevou ao máximo o alerta da tensa região fronteiriça que separe as duas Coreias. Em março deste ano, a mesma região foi palco do afundamento de uma embarcação sul-coreana, matando mais de 40 pessoas.

O episódio ocorre poucos dias depois de a Coreia do Norte anunciar a instalação de uma nova usina para enriquecimento de urânio, o que eleva a tensão na região. Poucas horas depois do eposódio, Rússia e China emitirama preocupação de que o ataque leve a uma escalada militar.

Segundo o canal YTN, quase 50 obuses caíram na ilha de Yeonpyeong, que tem mil habitantes, localizada no Mar Amarelo, em uma área disputada pelas duas Coreias e que já registrou incidentes no passado.

Dois soldados sul-coreanos morreram no ataque. Ao anunciar o balanço, o general Lee Hong-Ki informou ainda que cinco militares estão gravemente feridos e outros 10 sofreram ferimentos leves. Além disso, três civis foram feridos.

Após o ataque, Seul prometeu represálias em caso de novas provocações da Coreia do Norte. "Nosso Exército responderá firmemente a qualquer nova provocação", afirma um comunicado da presidência sul-coreana. A Coreia do Norte, no entanto, acusou Coreia do Sul de ter disparado primeiro, informou a agência oficial norte-coreana KCNA.

"O inimigo sul-coreano, apesar de nossas reiteradas advertências, iniciou provocações militares com disparos de artilharia contra nosso território marítimo ao lado da ilha de Yeonpyeong, a partir das 13h (2h de Brasília)", afirma um comunicado do comando militar norte-coreano.

"O Exército norte-coreano seguirá sem hesitar em seus ataques militares se o inimigo sul-coreano se atrever a invadir nosso território, mesmo que seja em 0,001 milímetro", completa a nota.

EUA

A Casa Branca anunciou que "condena energicamente" o ataque da Coreia do Norte. "Hoje mais cedo a Coreia do Norte realizou um ataque de artilharia contra a ilha sul-coreana de Yenpyeong. Estamos em contato direto e contínuo com nossos aliados sul-coreanos", afirma o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, em um comunicado.

"Os Estados Unidos condenam energicamente este ataque e apelam à Coreia do Norte que suspenda sua ação beligerante e cumpra integralmente os termos do Acordo de Armistício", acrescenta o texto.

O horário incomum do comunicado - emitido às 4h30 locais (7h30 de Brasília), apenas algumas horas após os disparos - mostra a preocupação da Casa Branca sobre um dos incidentes fronteiriços mais sérios desde a guerra de 1950-53 entre os dois vizinhos coreanos.

Gibbs destaca ainda que os Estados Unidos estão "profundamente comprometidos com a defesa do nosso aliado, a República da Coreia, e com a manutenção da paz e da estabilidade na região".

China

A China manifestou preocupação com o ataque e qualificou de "imperativa" a necessidade de retomada das negociações multilaterais - que envolvem as duas Coreias, Estados Unidos, Rússia, Japão e China.

Rússia

A Rússia condenou o bombardeio norte-coreano, considerou que seus autores têm uma "enorme responsabilidade" e pediu o fim de todas as hostilidades, segundo declarações do ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Alerta máximo

O Estado-Maior sul-coreano confirmou que várias peças de artilharia atingiram a ilha, que tem a presença de um destacamento militar, e outras caíram no mar.

Os militares sul-coreanos responderam aos disparos do país vizinho, anunciou o ministério da Defesa de Seul, que determinou alerta máximo a suas tropas.

"Uma unidade de artilharia executou disparos de provocação às 14h34 (3H34 de Brasília) e as tropas sul-coreanas responderam imediatamente", afirmou à AFP uma fonte do ministério.

As forças sul-coreanas responderam com 80 disparos, segundo o ministro da Defesa, Kim Tae-Young. "As Forças Armadas estavam executando exercícios navais e o Norte parece ter disparado para demonstrar sua oposição", declarou uma fonte militar ao canal YTN.

Segundo um morador da ilha de Yeonpyeong, quase 50 projéteis caíram na ilha e atingiram várias casas. "Pelo menos 10 casas pegaram fogo. Recebemos a ordem de abandonar nossa casas", disse Lee Jong-Sik, outro habitante da ilha.

"Estava em casa e ouvi uma barulho muito forte do lado de fora. Quando saí, a ilha toda estava em chamas", declarou outro morador, citado pela agência de notícias Yonhap. Os habitantes foram levados para áreas consideradas seguras.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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