PUBLICIDADE

Ásia

Súbito vazio de poder na Coreia do Norte provoca alerta em Seul

19 dez 2011 - 11h05
(atualizado às 12h08)
Compartilhar

A morte do líder norte-coreano, Kim Jong-il, colocou a Coreia do Sul em alerta nesta segunda-feira e as autoridades do país ficaram em vigilância militar na fronteira e decretaram estado de emergência do governo em meio à incerteza sobre as perspectivas do diálogo nuclear.

Morte do líder norte-coreano Kim Jong-il está provocando temor na vizinha Coreia do Sul
Morte do líder norte-coreano Kim Jong-il está provocando temor na vizinha Coreia do Sul
Foto: AP

A morte do líder disparou automaticamente os alarmes da Administração e das forças de segurança do país vizinho, que se encontra tecnicamente em guerra com o Norte após a Guerra da Coreia (1950-1953) terminar apenas com um armistício, em vez de um tratado de paz.

A instabilidade que permeia a Coreia do Norte, um país com capacidade nuclear bélica, diante do súbito vazio de poder, fez com que o Estado-Maior sul-coreano ordenasse a todas as suas unidades que ficassem em alerta pouco após a televisão estatal norte-coreana anunciar a morte de Kim, às 12h locais (1h de Brasília).

Além disso, o Comando Conjunto das forças sul-coreanas e americanas (que mantém cerca de 28 mil soldados no país asiático) elevou suas atividades e o número de soldados ao longo da fronteira com a Coreia do Norte nesta segunda-feira.

"Estamos vigiando de perto a Zona Desmilitarizada, a Zona de Segurança Conjunta e a Linha Limite Norte (LLN) ante a possibilidade de haver provocações por parte da Coreia do Norte", disse um oficial do Estado-Maior sul-coreano em declarações à agência de notícias sul-coreana Yonhap, referindo-se às três zonas fronteiriças onde há mais tensão.

Já os altos comandantes militares de Seul e Washington optaram por manter sem alterações o chamado "Watchcon", a escala de vigilância de atividades norte-coreanas. Eles preferiram mantê-la no nível 3, em vez de inflamá-la ao nível 2 (mais grave), para não criar uma sensação de crise desnecessária.

A última vez que Seul elevou o "Watchcon" ao nível dois foi imediatamente depois do ataque de artilharia sobre a ilha de Yeonpyeong por parte da Coreia do Norte, em novembro de 2010, incidente que custou a vida de dois civis e dois militares.

Ainda assim, o Exército avalia a possibilidade de modificar o Defcon (uma escala de alerta de combate de cinco níveis) do grau 4 para o 3, conforme disseram fontes militares à agência "Yonhap".

De forma paralela, o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, e o dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiram colaborar estreitamente para administrar a situação, em uma conversa por telefone pouco depois de se informarem sobre a morte do líder norte-coreano.

A morte de Kim Jong-il eleva a incerteza com relação ao reinício das chamadas negociações de seis lados - empreendidas entre as duas Coreias, EUA, China, Rússia e Japão - que buscam dissuadir o programa nuclear de Pyongyang. Embora o diálogo estivesse estagnado desde 2008, o falecido líder havia manifestado neste ano sua intenção de retomá-lo.

Washington e Seul, com o apoio do Japão, que também participa da rodada com Rússia e China, mantêm inalterável sua postura de que não haverá mais reuniões se o regime não cessar seu programa de enriquecimento de urânio e permitir a entrada de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Nesta segunda-feira, o presidente da Coreia do Sul também foi contundente ao determinar a altos funcionários da Administração do país para que se posicionem em estado de emergência.

Na Assembleia Nacional, os principais partidos decidiram realizar reuniões de emergência entre seus representantes e também dos comitês parlamentares de Relações Exteriores, Comércio e Unificação e Defesa Nacional e Inteligência.

Tudo isso para minimizar o potencial impacto à Coreia do Sul da morte do líder do isolado e imprevisível país localizado do outro lado do Paralelo 38.

Morre Kim Jong-il

O líder norte-coreano, Kim Jong-il, morreu nesse sábado, 17 de dezembro, vítima de "fadiga física", quando realizava uma viagem de trem. Sua morte só foi anunciada nessa segunda, 19, pela agência estatal norte-coreana. Após receber a notícia, o governo e o Exército da Coreia do Sul entraram em estado de alerta, enquanto a população da Coreia do Norte chorava o falecimento do líder, que abre espaço para ascensão de seu filho, Kim Jong-un, provável herdeiro em Pyongyang.

Jong-il, 69, comandava a Coreia do Norte desde 1994, após a morte de seu pai, Kim Jong-sun, fundador do país. Durante 17 anos, cultivou um dos regimes mais fechados do mundo, baseado no culto de si e do sistema comunista. O governo hermético não impediu que idiossincrasias de Jong-il viessem a público, como o autoproclamado título de inventor do hambúrguer, formando a imagem complexa de um líder excêntrico de um país isolado do mundo, cujo futuro na península coreana é agora incerto.

EFE   
Compartilhar
Publicidade