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Ásia

Saúde do monarca de 87 anos se torna motivo de preocupação na Tailândia

27 set 2015 - 06h11
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Uma incomum mensagem de uma integrante da Casa Real da Tailândia pedindo orações pela saúde do rei Bhumibol disparou a preocupação com o estado do monarca, que com 87 anos passa mais tempo internado no hospital que no palácio.

"Eu gostaria que todos rezassem para que o rei se recupere de uma doença que o afeta", afirmou este mês durante um evento beneficente a princesa Chulabhorn Walailak, filha mais nova do soberano.

O monarca, que esteve hospitalizado de maneira contínua de 2009 a 2013, retornou em maio ao hospital Siriraj para uma "revisão de rotina", e desde então não deixou o centro médico.

Os médicos lhe trataram nos últimos meses por excesso de líquido no cérebro, febre, infecção no sangue e inflamação dos pulmões, segundo os poucos boletins médicos divulgados.

A ausência do soberano da cena pública provocou um aumento da incerteza entre os tailandeses, que lhe tratam com reverência quase divina.

"Ele é a pedra fundamental da sociedade tailandesa. É uma pessoa fundamental para entender a história do país", declarou à Agência Efe Kan Yuenyong, diretor do instituto Siyam Intelligence.

Falar da saúde do monarca além dos comunicados oficiais é um assunto tabu na sociedade tailandesa.

A figura do soberano, sua consorte e os herdeiros estão protegidas de qualquer tipo de crítica pelo artigo 112 do Código Penal, mais conhecida como lei de lesada altivez, que prevê penas de entre três e 15 anos a quem a desrespeitar.

Entronizado como Rama IX, Bhumibol foi coroado em maio de 1950 e reinou de maneira ininterrupta ao longo de governos autoritários e democráticos derrubados por eventuais golpes militares, os últimos ocorridos em 2006 e 2014.

Depois do último levante, muitos intelectuais abandonaram o país por medo de serem perseguidos por suas ideias de reformar as leis que protegem a Casa Real.

Segundo disse à Efe o professor Yukti Mukdawijitra, atualmente nos Estados Unidos, esse último golpe de Estado, dirigido pelo general Prayuth Chan-ocha, teve, entre outros objetivos, assegurar o período de transição da Coroa.

De acordo com a lei, o sucessor ao trono deve ser seu único filho homem, o príncipe Maha Vajiralongkorn, de 62 anos.

Protagonista de escândalos como seus três divórcios, o príncipe não herdou a popularidade da qual seu pai goza e esteve ausente durante muito tempo da maioria dos atos da Casa Real.

O rompimento no último mês de dezembro com sua última consorte, Srirasmi Suwadee, terminou com a detenção dos pais, quatro irmãos e outros parentes da já ex-esposa, por arrecadar uma imensa fortuna ao utilizar de maneira inadequada suas conexões com a Coroa.

Ver o rosto de Vajiralongkorn nos quadros que adornam as ruas de Bangcoc era uma raridade até alguns meses atrás, quando se aumentou suas presença pública.

Em meados de agosto, o príncipe liderou uma marcha de bicicletas composta, segundo os cálculos oficiais, por 294.800 tailandeses em homenagem ao Dia das Mães, data que coincide com o aniversário da rainha Sirikit, que sofreu um ataque cardíaco em 2012.

O acontecimento foi um "sucesso" como "campanha propagandista" para o futuro monarca que conta com o beneplácito do regime militar, segundo os analistas, embora haja versões que apontem que a ala mais conservadora da sociedade local prefira a princesa Maha Chakri Sirindhorn como candidata ao trono.

Aos 60 anos e terceira filha do rei, Sirindhorn é conhecida por seus atos filantrópicos e só reinaria à revelia do irmão ou se este for deserdado.

Outra das questões para regular é a herança de uma fortuna estimada em mais de US$ 35 bilhões, a Casa Real mais rica do planeta, segundo a revista "Forbes".

No domingo passado, a edição impressa para a Ásia do jornal "New York Times" não chegou aos leitores tailandeses porque o distribuidor local considerou que um artigo assinado pelo correspondente em Bangcoc sobre a sucessão ao trono na Tailândia era um tema "muito sensível".

EFE   
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