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Ásia

Rússia concede um ano de asilo temporário a Snowden

1 ago 2013 - 13h40
(atualizado às 14h00)
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O ex-técnico da CIA Edward Snowden deixou nesta quinta-feira o aeroporto de Sheremetyevo em Moscou, onde passou as últimas cinco semanas, depois que a Rússia lhe concedeu oficialmente um ano de asilo temporário.

O Serviço Federal de Migração (SFM) russo anunciou a concessão de asilo a Snowden pouco depois que o seu advogado na Rússia, Anatoli Kucherena, lhe entregou o documento oficial que certifica seu novo status legal.

O jovem americano, requerido pela justiça de seu país por ter revelado uma trama de espionagem em massa das comunicações pelos serviços secretos americanos, saiu do aeroporto, entrou em um carro "e se dirigiu para um lugar seguro", longe da imprensa russa e internacional, segundo seu advogado.

Kucherena, de fato, não quis revelar o local para onde foi Snowden depois de deixar a zona de trânsito de Sheremetyevo, que tinha se transformado em sua casa desde o dia 23 de junho, quando aterrissou em Moscou em um voo vindo de Hong Kong.

"Eu imagino, mas não posso dizer por uma questão de segurança", disse Kucherena à agência "Interfax", que acrescentou que Snowden "é um dos homens mais procurados do mundo nos dias de hoje".

Ao responder a pergunta que todo o mundo faz sobre onde viverá o ex-técnico da NSA, seu assessor legal respondeu que isso se trata de um assunto que deverá ser decidido pelo próprio interessado, sem intervenção das autoridades russas.

As questões de segurança e alojamento "são de sua própria competência e é algo que ele mesmo vai decidir", assegurou Kucherena, que também revelou que cidadãos americanos residentes na Rússia ofereceram ajuda ao homem perseguido em seu país por crimes de espionagem e roubo de propriedade governamental.

"Ele tem amigos americanos na Rússia que possivelmente vão ajudá-lo a garantir sua segurança no primeiro momento" de sua estadia no país, disse o assessor legal do foragido.

O jovem técnico em informática, que se transformou em um dos personagens do ano após divulgar as informações sobre espionagem para a imprensa internacional, afirmou que a primeira coisa que quer é estar com sua família e também com sua namorada, disse Kucherena à imprensa russa.

"Ele sente saudades de sua namorada. Falei sobre todas as meninas que telefonaram para ele na Rússia e ele me respondeu: Anatoli, eu tenho namorada", disse.

Quem não deve demorar a ver o ex-técnico da CIA é seu pai, Lon Snowden, que poderá viajar para a Rússia após obter o visto e poderá assim participar dos planos futuros de seu filho, porque o asilo temporário não resolve o problema, como destacou o presidente do Conselho de Direitos Humanos adjunto à Presidência russa, Mikhail Fedotov.

"A solução do problema é algum país conceder a Snowden o asilo político. Neste caso (o asilo por um ano na Rússia) não resolve esta questão", disse Fedotov.

Kucherena detalhou que durante sua estadia em Sheremetyevo o jovem não divulgou nenhuma informação nem documentos a ninguém, se antecipando à condição imposta pelo presidente russo, Vladimir Putin, para poder ficar na Rússia.

O chefe do Kremlin deixou claro que para conseguir o asilo na Rússia, Snowden deveria parar com qualquer atividade prejudicial para os interesses dos Estados Unidos.

O assessor do presidente russo, Yuri Ushakov, disse, logo após saber sobre a concessão de asilo ao foragido, que o desejo do Kremlin é que o "caso Snowden" não afete às relações bilaterais entre Rússia e Estados Unidos.

Em Washington já foi falado que a presença de Snowden em território russo deixaria no ar a visita oficial de Barack Obama a Moscou, programada para setembro.

"Sabemos o ambiente que está sendo formado nos Estados Unidos em torno deste assunto, mas não recebemos nenhum sinal das autoridades americanas", disse Ushakov, ao ser perguntado sobre a possibilidade de o presidente americano cancelar sua visita à Rússia.

A concessão de asilo a Snowden e sua entrada oficial em território russo acontece, além disso, um dia depois de a Justiça Militar dos Estados Unidos ter considerado culpado em 20 acusações o militar Bradley Manning, que divulgou informações secretas ao Wikileaks e pode ser condenado a 136 anos de prisão.

Alguns analistas políticos russos afirmam que a decisão de não extraditar Snowden aos EUA e, inclusive, a concessão de asilo temporário não deverá afetar muito as já tensas relações russo-americanas.

EFE   
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