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Ásia

Putin se recusa a alterar processo de dissuasão nuclear

19 jun 2013 - 13h34
(atualizado em 20/6/2013 às 08h07)
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O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que a Rússia não permitirá que se altere o equilíbrio no processo de suspensão de programas nucleares, coincidindo com a proposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de reduzir em um terço as armas nucleares de ambas as potências.

"Não podemos permitir que se altere o equilíbrio do sistema de dissuasão estratégica ou que se reduza a eficácia de nossas forças nucleares", disse Putin, citado por agências locais.

Por tudo isso, explicou, "a criação de uma defesa militar-espacial será no futuro uma das principais linhas da indústria militar".

Esse sistema de defesa espacial "é o que protege o território de um possível ataque aéreo ou espacial", destacou.

Putin fez as declarações durante uma sessão governamental sobre o desenvolvimento da indústria de defesa espacial na cidade de São Petersburgo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, relatou que a reunião estava prevista e não foi convocada para que coincidisse com o discurso de Obama frente à Portão de Brandemburgo de Berlim.

O chefe do Kremlin advertiu que alguns países desenvolvem ativamente armas de alta precisão, que por seu potencial ofensivo podem se equiparar ao armamento estratégico.

E convidou o setor a levar em conta novas tendências mundiais, como a possibilidade de um ataque cujo objetivo é desarmar a potências nucleares.

Putin repetiu várias vezes que a Rússia não renunciará a seu arsenal nuclear até que tenha armamento sofisticado que cumpra a mesma função, além de defender conservar a paridade nuclear com os EUA ao considerá-lo um elemento de estabilidade internacional.

"Que ninguém se iluda quanto a isso. Só renunciaremos às armas nucleares quando dispusermos de armamento similar, nem um dia antes disso", afirmou em 2012.

O Kremlin reconheceu hoje que Obama informou a Putin sobre suas iniciativas de desarmamento estratégico durante a recente cúpula do G8 realizada na segunda-feira e na terça-feira na Irlanda do Norte.

Quanto a isso, o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, explicou que Moscou propõe envolver outros países no plano do presidente americano de reduzir as armas nucleares em todo o mundo. "É preciso envolver outros países que possuem armas atômicas no processo de redução de potenciais nucleares", disse.

Ushakov explicou que, "agora, a situação não é a mesma dos anos 1960 e 70, quando só os EUA e a União Soviética realizavam negociações para o corte de seus arsenais nucleares".

E acrescentou: "É preciso aumentar o grupo de possíveis participantes dos contatos nesse âmbito".

Obama disse hoje em Berlim que os EUA querem reduzir o número de ogivas nucleares estratégicas das duas maiores potências nucleares das atuais 1.550 para pouco mais de mil unidades.

Em abril de 2010, Obama e o então presidente russo, Dmitri Medvedev, assinaram em Praga o novo tratado de desarmamento nuclear Start, destinado a manter a paridade nuclear entre as duas potências antagonistas durante a Guerra Fria.

O documento obriga a reduzir em 30% o número de cargas nucleares, até 1.550 por país, e limita a 800 o de armas estratégicas, como mísseis intercontinentais, submarinos e bombardeiros.

A Rússia ameaçou os EUA com uma nova corrida armamentista se os americanos seguirem adiante com seus planos de criar um escudo antimísseis na Europa, que Moscou considera que ameaça sua segurança ao minar seu potencial estratégico.

Putin aprovou um programa de rearmamento até 2020, que concede prioridade aos submarinos nucleares, a aviação estratégica e os mísseis intercontinentais, a tríade nuclear russa, para garantir a segurança nacional e a integridade territorial.

EFE   
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