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Ásia

Protestos da cidade de Wukan se espalham pela China

20 dez 2011 - 14h27
(atualizado às 15h02)
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A cidade de Wukan, no sul da China, anunciou nesta terça-feira um novo protesto por melhores indenizações de suas terras e a devolução do corpo de seu líder, enquanto as manifestações se espalham pelas localidades vizinhas, segundo internautas e jornalistas da região.

Os líderes populares de Wukan, município cujos moradores protestam desde setembro e expulsaram as autoridades locais, consideradas por eles como corruptas, anunciaram uma nova manifestação para quarta-feira na cidade vizinha de Lufeng caso não recebam melhores indenizações de suas terras. Os líderes também querem recuperar o corpo de Xue Jinbo, seu representante eleito, que morreu sob custódia policial no dia 11.

Wukan, que tem 28 mil habitantes, está cercada há semanas por milhares de soldados que impedem a entrada de alimentos, apesar de seus moradores terem conseguido alguns por contrabando. "Eles dividem os alimentos com os mais pobres e com a imprensa. Não aceitam nosso dinheiro. Temos medo do que pode acontecer quando formos embora", disse à agência EFE por telefone um jornalista britânico que está em Wukan.

A província de Cantão, onde Wukan está localizada, é conhecida por seu espírito revolucionário, e nos últimos tempos foi palco de novos protestos em massa, que em alguns casos deixaram mortos pela repressão policial.

De acordo com informações de internautas chineses pelo Twitter, o protesto de Wukan, incomum por sua duração, se estendeu a Haimen, a 150 km dessa cidade e com 200 mil habitantes.

O motivo do protesto é a construção de uma usina nuclear na vizinha Shantou, afirmaram as fontes. Após esse novo protesto, os internautas já falam em um "Ocupa China", em referência ao movimento mundial de manifestações.

A imprensa de Hong Kong informou que os rebeldes receberam ameaças telefônicas da polícia, e que seus líderes tentam acalmar a população.

O jornal Southern Daily publicou nesta terça-feira que Zheng Yanxiong, o secretário do Partido Comunista em Shanwei (jurisdição à qual pertence Wukan) teve um encontro com os líderes rebeldes na segunda-feira à noite. Segundo testemunhas, Zheng chamou os rebeldes de "criminosos que se juntam a pessoas más e à imprensa", e afirmou que o vídeo caseiro divulgado na Internet no qual a polícia bate em jovens e mulheres "é falso".

A imprensa de Cantão, uma das poucas que divulga informações sobre Wukan (apesar de haver jornalistas da agência oficial Xinhua no local), indicou que Zheng ofereceu um aumento da indenização pelos 165 hectares de cultivos desapropriados, a única fonte de renda dos moradores afetados.

Zheng prometeu também que os militares não entrarão em Wukan e que recuperará os terrenos da imobiliária que os comprou. Em troca, os rebeldes deixarão a violência, e o Partido nomeará um novo secretário em Wukan, depois de o anterior ter sido "detido e interrogado", acrescentou o secretário do partido.

Apesar da possibilidade de chegarem a um acordo em breve, os líderes populares lamentaram o fato de Zheng não ter mencionado nada sobre o corpo de Xue e dos outros representantes temporários escolhidos, nem de haver uma garantia de que os participantes dos protestos não serão detidos.

EFE   
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