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Estados Unidos

Rússia não aceita proposta de desarmamento nuclear de Obama

22 jun 2013 - 13h28
(atualizado às 14h23)
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O Kremlin se mostrou fechado à proposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de reduzir até um terço os arsenais nucleares dos dois países, iniciativa inaceitável para a Rússia devido a seu atraso tecnológico em outro tipo de armas, em particular, as de alta precisão.

Moscou reagiu à iniciativa de Obama com a fórmula diplomática que requer uma análise conscienciosa e que "levará tempo" dar uma resposta, no entanto os vários "senões" colocados pelas autoridades russas mostram que a proposta não chegará a bom termo.

"Nossa postura será de acordo com nossas tarefas para garantir a segurança nacional e o fortalecimento da paz. A análise (da proposta de Obama) envolve muitos departamentos e levará tempo", declarou nesta quinta-feira o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov.

Segundo a chancelaria russa, na atualidade, o conceito de equilíbrio estratégico difere enormemente do que existiu no passado, já que hoje existem novos fatores como os sistemas de defesa antimísseis e as armas de alta precisão.

Além disso, Moscou ressalta a necessidade de levar em consideração a eventualidade do uso militar do espaço exterior e o fato de que vários países se negam a participar de acordos de controle de armamento.

"Não podemos permitir que se altere o equilíbrio do sistema de dissuasão estratégica ou que se reduza a eficácia de nossas forças nucleares", afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, nesta quarta, mesmo dia em que Obama fez a proposta de desarmamento em Berlim, em seu discurso no Portão de Brandemburgo.

O chefe do Kremlin declarou de forma reiterada que a Rússia não renunciará a seu arsenal nuclear até que disponha de armamento sofisticado que cumpra a mesma função dissuasória.

Além disso, em Moscou ressaltam que, antes de falar de novas reduções dos arsenais nucleares, é preciso cumprir o tratado Start III, assinado por Obama em Praga, em abril de 2010, com o então presidente russo, Dmitri Medvedev.

Segundo esse documento, nos próximos sete anos, Rússia e EUA devem reduzir em 30% o número de suas cargas nucleares, até 1.550 por país, e limitar a 800 o de portadores estratégicos, como mísseis intercontinentais, submarinos e bombardeiros.

Em círculos próximos ao estamento militar russo, a reação à proposta de desarmamento americano foi ainda mais dura.

Para o presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, o general retirado Leonid Ivashov, a iniciativa de desarmamento de Obama é uma "proposta ardilosa dos EUA, que se inscreve em sua estratégia de alcançar a supremacia militar".

"Os americanos desenvolvem armamento de alta precisão sobre novos princípios físicos e neste campo são líderes indiscutíveis", disse Ivashov, que entre 1996 e 2001 liderou o Departamento de Cooperação Militar Internacional do Ministério da Rússia.

Segundo o general russo, as armas nucleares constituem atualmente uma "barreira contra o ditado militar mundial dos EUA", já que Rússia, China e outras potências nucleares podem "responder aos americanos e conter suas agressões".

Ivashov assinalou que a estratégia dos EUA é reduzir os arsenais nucleares até o ponto em que possa assegurar a neutralização das forças estratégicas russas por meio de armamento convencional de alta precisão.

Por isso, acrescentou, Washington insiste na redução do armamento nuclear e, ao mesmo tempo, prossegue o desenvolvimento de armas de alta precisão e de sistemas antimísseis.

"A proposta de Obama será, sem dúvida alguma, rejeitada", concluiu Ivashov, que inclusive não descartou que a Rússia denuncie o tratado de desarmamento STAR III no caso de os EUA continuarem o posicionamento de seu escudo antimísseis.

EFE   
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