Prefeito se desculpa após dizer que escravas sexuais foram 'necessidade'
O prefeito da cidade japonesa de Osaka pediu desculpas nesta sexta-feira após afirmar que as "mulheres conforto" asiáticas, que foram forçadas pelo exército japonês a prostituir-se durante a Segunda Guerra Mundial, foram uma "necessidade" para manter a disciplina.
Toru Hashimoto deveria encontrar nesta manhã duas sul-coreanas, ex-prostitutas forçadas, para pedir desculpas por suas declarações que provocaram protestos na Coreia do Sul, China e Estados Unidos.
As duas senhoras acabaram por rejeitar o encontro, temendo serem usadas para um "show de desculpas", encenado pelo prefeito, indicou a agência de notícias Jiji.
Mesmo assim, Hashimoto pediu desculpas durante uma coletiva de imprensa no final do dia.
"É uma pena não encontrá-las (...). Eu gostaria de dizer que lamento este mal-entendido (...). Eu as feri com minhas palavras, então é natural que eu queira me desculpar", explicou Hashimoto, que também é um dos dirigentes do partido nacionalista presente no Parlamento.
Segundo os historiadores, quase 200.000 mulheres asiáticas - principalmente coreanas, chinesas e filipinas - foram transformadas em escravas sexuais nos prostíbulos militares japoneses.
"Meu objetivo não era negar a responsabilidade do Japão. Eu utilizei a palavra 'necessidade', mas isso não quer dizer que penso pessoalmente que era uma necessidade. Acredito que foi um fato histórico que os soldados utilizaram mulheres. Isso não foi uma necessidade para eles?", questionou.
Ele acrescentou que o Japão "certamente fez coisas terríveis". "Mas como os soldados em todas as partes do mundo se comportam com as mulheres?", perguntou.
"O que eu quis dizer é que não se trata de um problema próprio do Japão, mesmo que o nosso país tenha que ser criticado pelo que cometeu", concluiu.
Após o escândalo causado por suas declarações há 10 dias, Hashimoto, que expressou os pontos de vista especialmente no Twitter, onde é seguido por quase um milhão de pessoas, fez outras declarações polêmicas.
Ele acusou "os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França, e até mesmo soldados sul-coreanos no Vietnã após a Segunda Guerra Mundial", de terem utilizado este tipo de prática.
"O Japão foi ruim, mas todos vocês devem olhar para a sua história", declarou para esses países.
Depois de receber críticas dos Estados Unidos, Toru Hashimoto respondeu acusando as tropas americanas de estuprar japonesas durante a ocupação do Japão, "especialmente em Okinawa".
A ilha de Okinawa, que atualmente segue abrigando quase 22.000 soldados americanos, foi ocupada e posteriormente devolvida ao Japão em 1971. Sua população se queixa constantemente dos inconvenientes e da insegurança gerados pela presença militar americana.
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