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Ásia

Polícia indiana proíbe manifestações contra estupro de estudante

23 dez 2012 - 13h43
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A polícia indiana proibiu a manifestação neste domingo no centro de Nova Deli de milhares de pessoas que protestavam contra o estupro coletivo sofrido por uma jovem estudante, que finalmente prestou depoimento à polícia.

A vítima, uma estudante de fisioterapia de 23 anos, foi estuprada em um ônibus por seis homens no último domingo, antes de ser agredida com uma barra de ferro, o que causou ferimentos graves. Ela então foi jogada para fora do ônibus, junto com o jovem que a acompanhava.

Hospitalizada sob cuidados intensivos, a jovem exibiu melhora em seu estado de saúde neste fim de semana, de acordo com fontes do hospital. Ela prestou depoimento aos investigadores pela primeira vez no sábado.

"Os seis homens me estupraram, um de cada vez", relatou à polícia, segundo o jornal Hindustan Times deste domingo. "Eles nos jogaram (do ônibus) à beira da estrada, e eu desmaiei".

Suas declarações correspondem às informações dadas por seu companheiro.

Os seis supostos agressores foram presos.

De acordo com a polícia, os seis homens estavam bêbados no momento do crime. Eles entraram no ônibus e atacaram o casal, que voltava de uma noite no cinema.

Este caso provocou uma onda de indignação no país, onde os agressores muitas vezes permanecem impunes.

Milhares de pessoas, entre elas muitos estudantes, manifestaram nos últimos dias, exigindo maior segurança para as mulheres e maior punição pela justiça para aqueles que cometem estupro ou agressão sexual.

Neste domingo, a polícia proibiu as manifestações no centro de Nova Deli, em áreas próximas ao Parlamento, do palácio presidencial e dos grandes monumentos da capital, depois de confrontos entre manifestantes e a polícia no dia anterior.

Milhares de pessoas se reuniram perto da Porta da Índia, monumento emblemático de Nova Deli.

Um grupo chegou a acampar em frente à residência de Sonia Gandhi, líder do Partido do Congresso, no poder. "Eu estou com vocês (...) e justiça será feita", disse aos manifestantes em sua porta, logo depois da meia-noite, informou a Press Trust of India.

Na semana passada, o primeiro-ministro Manmohan Singh evocou "um crime hediondo, perturbador".

Neste domingo, em um caso distinto, um jornalista de 36 anos foi morto a tiros em Imphal (Nordeste), durante uma manifestação em apoio a uma atriz coadjuvante vítima de violência sexual, enquanto a polícia abriu fogo.

A atriz, Momoko, foi empurrada para fora do palco por um homem armado que, então, tentou estuprá-la, apesar da presença de pessoas responsáveis pela segurança. Ela lutou e conseguiu escapar.

Em Nova Deli, houve pedidos para pena de morte para estupradores.

O governo, diante da ira do povo, estuda a possibilidade de uma punição mais severa em casos excepcionais de estupro, declarou neste sábado o ministro do Interior, Sushil Kumar Shinde, referindo-se à pena de morte.

A prisão perpétua é atualmente a pena máxima para estupradores, mas a pena de morte "será discutida em detalhes", disse.

A pena de morte é rara na Índia e foi aplicada apenas duas vezes desde 2004: um homem que estuprou e matou uma menina e o único atirador sobrevivente dos ataques em Mumbai, em novembro de 2008.

Na Índia, sociedade dominada pelos homens onde as agressões são frequentes, cada vez mais vozes exigem que o poder público acabe com a ideia de que as mulheres violadas são responsáveis.

As associações de defesa dos direitos das mulheres acreditam que a misoginia continua a reinar e que o país demora para tomar medidas apropriadas para punir abusos e estupros, cujo número mais do que duplicou entre 1990 e 2008.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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