Pequim pede prudência ao TPI em relação a Kadafi
A China pediu nesta terça-feira que o Tribunal Penal Internacional (TPI) seja "prudente" e "justo" após a expedição de um mandado de prisão por crimes contra a Humanidade contra o coronel Muammar Kadafi.
"A China espera que o TPI adote uma atitude prudente, objetiva e justa para assumir suas responsabilidades a fim de assegurar que seu trabalho contribua para a paz e a estabilidade na região", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hong Lei.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia anunciou na segunda-feira a expedição de um mandado de prisão por crimes contra a Humanidade contra o coronel Kadafi, contra seu filho Seif al-Islam e contra o chefe dos serviços de inteligência líbios, Abdullah al-Senussi.
Os juízes do TPI consideraram que "há motivos razoáveis para acreditar que (...) Muamar Kadafi, em coordenação com seu entorno próximo, concebeu e orquestrou um plano destinado a reprimir e a desencorajar a população que protesta contra o regime e aqueles considerados dissidentes".
A China é tradicionalmente reticente a qualquer ingerência nos assuntos internos de um país e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores pediu novamente nesta terça-feira que se chegue a uma solução para o conflito líbio por meio de "negociações pacíficas".
Pequim reconheceu, entretanto, na semana passada a oposição líbia como um "parceiro importante" após negociações entre o ministro das Relações Exteriores, Yang Jiechi, e o líder rebelde Mahmud Jibril, em visita na capital chinesa.
O chefe de Estado do Sudão, Omar al-Bashir, que tem contra si dois mandados de prisão do TPI por crimes de guerra, genocídio e crimes contra a Humanidade, realiza atualmente uma visita a Pequim.
A viagem à China do presidente sudanês suscitou a indignação de organizações de defesa dos Direitos Humanos, que condenaram Pequim por ter aceitado receber um homem procurado pela justiça internacional pelas atrocidades cometidas durante a guerra civil do Sudão.
Hong assegurou nesta terça-feira que Pequim "desaprova a violência cometida contra os civis".
Pelo menos 300 mil pessoas foram mortas e 1,8 milhão deixaram suas casas no mais grave conflito registrado no Sudão, o de Darfur, que eclodiu em 2003 entre rebeldes e o regime árabe de Cartum, de acordo com dados das Nações Unidas.