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Ásia

Paquistão: começa contagem de votos em pleito que registra alta participação

Mais de 86 milhões de pessoas estavam habilitadas a votar e a expectativa é que a participação seja de 60%

11 mai 2013 - 15h07
(atualizado às 16h04)
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Senhora deixa zona de votação em Lahore após participar do pleito paquistanês
Senhora deixa zona de votação em Lahore após participar do pleito paquistanês
Foto: AP

A contagem de votos das eleições parlamentares no Paquistão começou na noite deste sábado, pelo horário local, após uma votação marcada por uma alta participação eleitoral, apesar dos ataques rebeldes e de uma onda de violência que deixou 22 mortos. Mais de 86 milhões de pessoas estavam habilitadas a votar para escolher 342 deputados e representantes em quatro assembleias provinciais.

Os centros de votação fecharam às 18h00 locais (10h00 de Brasília), uma hora além do previsto, depois que a Comissão Eleitoral decidiu prolongar o horário devido à alta participação e a atrasos na abertura de alguns centros eleitorais.

A participação foi enorme em Pendjab, a província mais importante do país. Ao meio-dia, um funcionário da Comissão Eleitoral indicou que a participação era animadora, com 30% em nível nacional, e que esperava uma taxa final de participação de cerca de 60%, em forte progressão em relação às últimas eleições gerais, de 2008, que contaram com a participação de 44%.

Nas eleições anteriores, de 2008, foram eleitos representantes dos partidos progressistas e laicos, mas agora as previsões apontavam para a centro-direitista Liga Muçulmana (PML-N), do magnata do aço Nawaz Sharif, que já foi primeiro-ministro duas vezes durante os anos 1990.

Pouco depois do início da contagem, autoridades locais informaram que as duas principais figuras das eleições do país, o ex-astro do críquete Imran Khan e o próprio Nawaz Sharif, foram eleitos deputados do parlamento federal. O ex-primeiro-ministro declarou a vitória de seu partido de oposição de centro-direita, a Liga Muçulmana do Paquistão-N (PML-N) nas eleições gerais. "Devemos agradecer a Alá que deu ao PML-N outra chance para servir vocês e o Paquistão," disse, em um discurso a seus partidários em Lahore.

Khan, por sua vez, líder do Movimento pela Justiça (PTI, direita), partido que não tinha deputados na atual assembleia em fim de mandato, foi eleito em Peshawar, capital da província de Khyber Pakhtunkhwa (noroeste), reconheceu seu principal adversário local, Ghulam Bilour.

As eleições deste sábado eram particularmente controversas em Karachi, na capital econômica do Sul. O Jamaat-e-islami (JI, islamita) e o Movimento pela Justiça (PTI, direita) acusaram neste sábado o MQM, o primeiro partido político de Karachi e membro da coalizão em fim de mandato, de ter aterrorizado a população e de ter cometido fraude durante as legislativas. O JI anunciou que boicotaria as eleições na cidade e em outras grandes localidades do sul do país.

Estas eleições são históricas, já que permitirão que um governo civil passe o poder a outro depois de ter chegado ao fim de um mandato de cinco anos, uma novidade neste país criado em 1947 e com uma história marcada por golpes de Estado.

Mais de 130 pessoas morreram durante esta campanha eleitoral, considerada pelos observadores como a mais mortífera da história do país, episódios violentos reivindicados em grande parte pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), opostos ao processo democrático, que consideram "não islâmico".

O TTP havia anunciado ataques para o dia da votação, protegido por mais de 600 mil membros das forças de segurança. No entanto, os ataques foram de magnitude limitada neste sábado, embora tenham deixado 22 mortos. Os talibãs do TTP reivindicaram um atentado contra um partido laico que deixou 12 mortos e dezenas de feridos em Karachi.

Durante a noite, um atentado suicida matou dois paramilitares. Outros ataques na instável província do Baluchistão (sudoeste) e no noroeste, bastião do TTP, deixaram oito mortos e dezenas de feridos, segundo fontes locais, elevando a 22 o número de mortos na violência eleitoral deste sábado.

"Vivemos durante anos no medo das ameaças dos terroristas. Hoje decidimos acabar de uma vez por todas com este clima de medo", disse Suhail Ahmad, comerciante de Peshawar. O partido que obtiver o maior número de votos tentará formar uma coalizão majoritária junto aos outros partidos aptos a governar o país. Se não conseguir, o segundo mais bem posicionado tentará fazê-lo, graças a um sistema que abre as portas a muitas possibilidades de alianças mais ou menos previsíveis.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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