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Ásia

Países vizinhos reagem com cautela à morte de Kim Jong-il

19 dez 2011 - 19h51
(atualizado às 20h51)
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Os países vizinhos à Coreia do Norte responderam com cautela à notícia da morte de Kim Jong-Il, nesta segunda-feira, já que as perspectivas de uma transição interna trouxeram uma nova camada de imprevisibilidade ao regime nuclear. A Coreia do Sul colocou seu Exército em alerta depois que a notícia da morte de Kim surgiu do hermético Estado, e o Japão, que também já foi atacado por Pyongyang no passado, reuniu o gabinete de segurança emergencialmente.

Passageiros de estação de trem em Seul se reúnem para acompanhar o noticiário sobre a morte do líder do regime comunista
Passageiros de estação de trem em Seul se reúnem para acompanhar o noticiário sobre a morte do líder do regime comunista
Foto: AP

Pequim - uma aliada que teme que o colapso do regime possa levar milhões de refugiados para suas fronteiras - ofereceu suas condolências ao receber a notícia de que Kim Jong-Il sofreu um ataque cardíaco fatal. Alguns Estados europeus expressaram suas esperanças de que a morte do "querido líder" possa ser um divisor de águas para o país stalinista isolado e pobre.

Seul entrou rapidamente em contato com Washington, que tem 28.500 militares na Coreia do Sul, e agiu para reafirmar a aliança de segurança em que se baseia há tempos para conter a Coreia do Norte. Um porta-voz do ministro da Defesa disse em Seul: "todos os comandos estão em alerta e a Coreia do Sul e os EUA reforçam a inteligência militar compartilhada".

O presidente dos EUA, Barack Obama, ligou para seu amigo e líder sul-coreano, Lee Myung-Bak, para falar sobre a morte do ditador, de 69 anos. "O presidente reafirmou o forte compromisso dos Estados Unidos com a estabilidade da península coreana e com a segurança de nosso aliado próximo, a República da Coreia", disse a Casa Branca.

O secretário americano de Defesa, Leon Panetta, e seu colega sul-coreano, Kim Kwan-Jin, também conversaram por telefone e "concordaram que é crucial se manter prudente com tudo o que está relacionado com a postura de segurança" na Coreia do Norte. Panetta "pediu que se mantenham informados mutuamente nos próximos dias", revelou aos jornalistas o secretário de imprensa, George Little.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu uma "transição estável e pacífica" na Coreia do Norte e afirmou que os Estados Unidos desejam ter melhores relações com o povo norte-coreano após a morte do líder Kim Jong-Il. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, um ex-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, estendeu sua simpatia ao povo da Coreia do Norte "neste momento de luto nacional" e prometeu reforçar a ajuda para aliviar a crise alimentar.

A Assembleia Geral da ONU, entretanto, reforçou as sérias preocupações sobre "tortura e condições desumanas de detenção, execuções públicas, detenções arbitrárias e extra-judiciais" na Coreia do Norte. Tóquio ofereceu inusitadamente suas condolências, acrescentando que espera que não haja "nenhum impacto adverso na paz e na estabilidade da península coreana".

O primeiro-ministro Yoshihiko Noda disse que ordenou a ampliação da coleta de informações sobre a Coreia do Norte, para trabalhar de perto com os EUA, a China e a Coreia do Sul visando enfrentar acontecimentos inesperados. Ao menos 50 mil militares americanos estão no Japão, que não tem relações diplomáticas com Pyongyang e ocasionalmente troca farpas com o estado isolado sobre algumas questões, incluinso o sequestro de japoneses.

Na China, um porta-voz do ministro das Relações Exteriores disse: "estamos chocados em saber que o líder mais importante da República Democrática Popular da Coreia, Kim Jong-Il, morreu. Expressamos nossas condolências e enviamos nossos sinceros sentimentos ao povo norte-coreano".

A China provavelmente deve ficar sob pressão internacional para dissuadir o regime de realizar mais provocações militares como aquelas que sacudiram a Ásia ano passado quando a Coreia do Norte bombardeou uma ilha fronteiriça. O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, disse que "a UE está monitorando a situação mais de perto e contamos com o futuro líder coreano para se comprometer com a paz e a estabilidade na península coreana".

O Reino Unido expressou suas esperanças de que a morte de Kim seja um divisor de águas. "Esperamos que o novo líder deles possa reconhecer que o comprometimento com a comunidade internacional oferece a melhor perspectiva de melhorar a vida da população da Coreia do Norte", disse o secretário das Relações Exteriores, William Hague.

A Alemanha, dividida até 1990, também vê uma "chance para que as coisas mudem", enfatizando que a Coreia do Norte deve desistir primeiro de seu programa nuclear e melhorar a "catastrófica situação social de seu povo". O presidente Venezuelano, Hugo Chávez, ofereceu suas "mais sinceras simpatias" e expressou "confiança na habilidade dos coreanos para conduzir o próprio futuro para a prosperidade e a paz".

Morre Kim Jong-il

O líder norte-coreano, Kim Jong-il, morreu nesse sábado, 17 de dezembro, vítima de "fadiga física", quando realizava uma viagem de trem. Sua morte só foi anunciada nessa segunda, 19, pela agência estatal norte-coreana. Após receber a notícia, o governo e o Exército da Coreia do Sul entraram em estado de alerta, enquanto a população da Coreia do Norte chorava o falecimento do líder, que abre espaço para ascensão de seu filho, Kim Jong-un, provável herdeiro em Pyongyang.

Jong-il, 69, comandava a Coreia do Norte desde 1994, após a morte de seu pai, Kim Jong-sun, fundador do país. Durante 17 anos, cultivou um dos regimes mais fechados do mundo, baseado no culto de si e do sistema comunista. O governo hermético não impediu que idiossincrasias de Jong-il viessem a público, como o autoproclamado título de inventor do hambúrguer, formando a imagem complexa de um líder excêntrico de um país isolado do mundo, cujo futuro na península coreana é agora incerto.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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