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Ásia

ONU: casos de câncer não aumentaram após desastre nuclear no Japão

Relatório do Comitê Científico da ONU afirma que remoção de moradores de Fukushima após vazamento provocado por terremoto seguido de tsunami em 2011 foi eficiente para evitar aumento das taxas de câncer

31 mai 2013 - 16h07
(atualizado às 16h42)
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A remoção de dezenas de milhares de pessoas ajudou a evitar o aumento das taxas de câncer e outros problemas de saúde depois do desastre nuclear de Fukushima, no Japão, o pior do mundo em 25 anos. De acordo com o Comitê Científico da ONU sobre os Efeitos da Radiação Atômica (Unscear), após sua reunião anual nesta sexta-feira, a exposição à radiação depois dos colapsos de reatores no Japão, ocorrida há mais de dois anos, não causou quaisquer efeitos imediatos para a saúde.

Isso é bem diferente do ocorrido em Chernobyl, em 1986, quando a explosão de um reator soviético enviou poeira radioativa para grande parte da Europa. Acredita-se que o acidente tenha causado câncer de tireoide em algumas crianças.

Um terremoto de magnitude 9, seguido de tsunami, em 11 de março de 2011, matou cerca de 19 mil pessoas e devastou a usina nuclear de Fukushima Daiichi, espalhando radiação e forçando cerca de 160 mil pessoas a deixar suas casas.

Ações para proteger os habitantes da região, incluindo sua remoção e fornecimento de abrigo, reduziram significativamente a exposição a substâncias radioativas, disse o corpo científico, após a sessão para preparar um relatório a ser entregue à Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas.

"Essas medidas reduziram a exposição potencial até um fator 10", disse Wolfgang Weiss, um destacado membro do comitê da ONU. "Se não tivesse sido assim, poderíamos ter constatado taxas de câncer em alta e o surgimento de outros problemas de saúde nas próximas décadas", disse, em um comunicado.

Weiss preside os trabalho no relatório da Unscear sobre Fukushima. Em conversa com os jornalistas, ele afirmou que o nível das doses era "tão baixo que não esperamos ver qualquer aumento de câncer no futuro na população".

As constatações do comitê parecem diferir um pouco de um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em fevereiro, segundo o qual as pessoas da região mais afetada têm um risco ligeiramente maior de desenvolver certos tipos de câncer.

Weiss indicou que o estudo do Unscear, realizado por 80 especialistas e com o envolvimento de cinco organizações internacionais, incluindo a agência de saúde da ONU, foi baseado em informações de um período mais longo após o acidente.

Os 27 Estados-membros do comitê examinaram o material durante a sessão desta semana, em Viena, segundo Weiss, acrescentando que essa foi a análise científica mais completa do problema até agora.

Embora algumas pessoas tenham recebido doses muito altas de radiação, não houve mortes relacionadas à radiação nem foram observados efeitos agudos entre os cerca de 25 mil trabalhadores, incluindo os empregados da operadora Tokyo Electric Power envolvida no local do acidente, disse ele.

Destacando as diferenças entre Chernobyl e Fukushima, Weiss afirmou que pessoas próximas à usina soviética foram expostas ao iodo radioativo que contaminou o leite. "Em Chernobyl, muitas crianças tomaram leite que tinha altas concentrações de iodo, resultando em altas doses na tireoide, o que resultou em um aumento de câncer de tireoide", afirmou, ressalvando que as doses no Japão foram "muito, muito menores."

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