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Ásia

Nepal se esforça para organizar ajuda após terremoto e milhares fogem da capital

27 abr 2015 - 19h44
(atualizado às 19h44)
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Autoridades nepalesas se esforçavam nesta segunda-feira para levar a ajuda do principal aeroporto do país até as pessoas desabrigadas e sem comida em decorrência do terremoto ocorrido há dois dias, enquanto milhares de moradores cansados de esperar deixavam a capital, Katmandu, em direção às planícies nos arredores.

Homem segura uma criança, ferida no terremoto de sábado, depois que soldados indianos os levaram de Trishuli Bazar ao aeroporto em Katmandu, no Nepal, nesta segunda-feira. 27/04/2015
Homem segura uma criança, ferida no terremoto de sábado, depois que soldados indianos os levaram de Trishuli Bazar ao aeroporto em Katmandu, no Nepal, nesta segunda-feira. 27/04/2015
Foto: Jitendra Prakash / Reuters

Até a tarde desta segunda-feira, o número de mortos no terremoto de magnitude 7,9 ocorrido no sábado havia subido para mais de 3.700, e os relatos que chegavam aos poucos de áreas remotas sugeriam que esse número deva aumentar significativamente.

Uma autoridade de alto escalão do Ministério do Interior nepalês disse que os mortos podem chegar a 5.000, no pior desastre do tipo no Nepal desde 1934, quando 8.500 pessoas morreram.

As operações no Aeroporto Internacional Tribhuvan, de Katmandu, ficaram prejudicadas após muitos empregados não aparecerem para trabalhar, ao mesmo tempo em que muitos passageiros buscavam sair do país.

Uma série de tremores menores forçou o fechamento do aeroporto diversas vezes após o terremoto.

O ministro do Interior, Bam Dev Gautam, supervisionava a chegada de ajuda e o embarque de passageiros para fora do país. Autoridades do governo disseram ser necessários mais carregamentos de comidas, remédios, serviços especializados de resgate e sacos para corpos.

"Os necrotérios estão ficando completamente cheios", disse Shankar Koirala, membro do gabinete do primeiro-ministro responsável por lidar com o encaminhamento dos corpos.

Piras funerárias foram acesas por familiares em diversas cidades do país.

VOO DE KATMANDU

Muitos dos 1 milhão de moradores de Katmandu passaram a dormir ao relento desde sábado, seja por causa do desabamento de suas casas ou pelo medo de que novos tremores causem mais destruição.

Nesta segunda-feira, milhares deixaram a cidade. As estradas que levam a Katmandu ficaram repletas de pessoas, algumas carregando bebês, que tentavam subir em ônibus ou pegar caronas em carros e caminhões ao longo da planície. Longas filas se formaram no aeroporto.

"Estamos fugindo", disse Krishna Muktari, dona de um pequeno mercado em Katmandu, num cruzamento na estrada.

Enquanto isso, a extensão do desastre no Nepal começou a tomar reais proporções, à medida que relatos sobre a devastação começaram a chegar de outras partes do país.

Na parte alta da cordilheira do Himalaia, centenas de alpinistas se mantinham de prontidão no Campo Base do Monte Everest, onde uma enorme avalanche após o terremoto matar ao menos 17 pessoas no pior desastre já registrado na maior montanha do mundo.

Os Estados Unidos afirmaram que quatro cidadãos norte-americanos morreram na área do Campo Base, enquanto o Japão afirmou que um japonês estava entre os mortos.

Quatro italianos e dois franceses também morreram após o terremoto, afirmaram seus países de origem.

Em Sindhupalchowk, cerca de três horas de carro a nordeste de Katmandu, o número de mortos chegou a 875 e deve subir. Em Dhading, perto do epicentro do terremoto, a oeste de Katmandu, 241 pessoas morreram.

"Não há ninguém ajudando as pessoas nos vilarejos. As pessoas estão morrendo onde estão", disse A.B. Gurung, um soldado nepalês que esperava, no distrito de Dhading, por um helicóptero indiano que havia ido à sua vila, Darkha.

AJUDA CHEGA A CONTA GOTAS

Em Katmandu, pessoas doentes e feridas permaneciam deitadas a céu aberto, sem conseguir encontrar leitos nos devastados hospitais da cidade. Cirurgiões montaram um centro de operações em uma tenda erguida no terreno da Faculdade de Medicina de Katmandu.

Por toda a capital, famílias exaustas colocaram colchões nas ruas e ergueram tendas para se proteger da chuva. As pessoas faziam filas para coletar água de caminhões, enquanto as poucas lojas ainda abertas não tinham quase nada nas prateleiras.

Agências de ajuda humanitária disseram que materiais como lonas de plástico, rações de comida seca, água limpa e cobertores estavam sendo enviados para as populações afetadas na cidade e no resto do país.

Um total de 3.726 pessoas foram confirmadas mortas no terremoto, disse o governo nesta segunda-feira. Mais de 6.500 pessoas ficaram feridas. Outras 66 pessoas morreram ao longo da fronteira com a Índia, e ao menos outras 20 morreram no Tibet, disse a agência de notícias estatal da China.

Nesta segunda-feira à noite, tremores balançaram o nordeste da Índia mais uma vez, forçando moradores a deixarem suas casas às pressas. Diversos países enviaram materiais e equipes de ajuda ao Nepal.

A Índia enviou helicópteros, suprimentos médicos e membros de sua Força Nacional de Resposta a Desastres. A China enviou uma equipe de emergência de 60 pessoas. O Exército do Paquistão disse que estava enviando quatro aeronaves C-130 transportando um hospital de campanha com 30 leitos, equipes de busca e resgate e suprimentos.

Os EUA anunciaram mais 9 milhões de dólares em ajuda, elevando o total de dinheiro dado pelos norte-americanos a 10 milhões de dólares, e afirmaram que dois aviões de carga chegariam com equipes de busca e resgate e suprimentos dentro dos próximos dois dias.

Austrália, Grã-Bretanha e Nova Zelândia disseram que estavam enviando equipes especializadas em busca e resgate em ambientes urbanos a Katmandu a pedido do Nepal.

(Reportagem adicional de Sanjeev Miglani e Gopal Sharma, em Katmandu; de Frank Jack Daniel, Mayank Bhardwaj, Krista Mahr, Amit Ganguly e Nidhi Verma, em Nova Délhi; de Neha Dasgupta e Clara Ferreira-Marques, em Mumbai; e de Norihiko Shirouzo, em Pequim)

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