“Mullah Radio”: conheça o líder talibã no Paquistão
A maioria que Fazlullah faz isso só moralmente, mas alguns pegaram em armas depois de ser inspirados por seus sermões na rádio FM
O homem responsável pelo ataque em 2012 à ativista paquistanesa Malala e também pelo massacre em uma escola militar de Peshawar nesta terça-feira vive entre as montanhas de Swat, uma província ao noroeste do país. Conhecido por “Mullah Radio”, o líder extremista tem programa de rádio no qual divulga suas mensagens antiocidentais, antitecnológicas, antivacinação e superconservadoras – aparecendo mais do que qualquer outro líder de grupos rebeldes. As informações são do The Independent.
Mullah Radio nasceu em uma zona rural do país, sendo chamado Fazle Hayat; porém, mudou seu nome para Maulana Fazlullah, assim que assumiu o canal de rádio, em 2004. Bastante popular em Swat, seus programas reclamam a necessidade urgente da jihad e condena a educação de mulheres. O líder é tão poderoso que muitas ouvintes chegam a doar joias para apoiar suas causas.
A ambição e extremismo de Fazlullah são tão grandes que assustam. O jornalista da The New York Times Magazine, Nicholas Schmidle, foi até a rádio no ano de 2007 para encontrá-lo e, na época, escreveu: “Ele está totalmente fora de controle. Sua ambição ultrapassa a criação de um estado islâmico em Swat”.
E tais ambições já começaram a tomar forma, conforme presenciamos nesta terça-feira, no ataque à escola que deixou ao menos 141 mortos, pensado por ninguém menos que o terrorista apresentador de programas de rádio.
Dentro da lógica de “Mullah Radio”, os assassinatos foram uma resposta a uma ofensiva militar recente sobre as atividades do Talibã, que reafirmaram a capacidade do grupo islâmico de provocar o caos. Mas, os assassinatos também refletem o desejo de Fazlullah de acabar com as chances das mulheres terem educação.
Ao contrário de outros líderes, Fazlullah mostra a cara, não tendo, por exemplo, a mística do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, que raramente faz aparições públicas e veste máscaras na presença de subordinados.
Ele também não tem o olhar assustador do líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, que sorri ao falar sobre as abominações do seu grupo. Em vez disso, segundo o repórter Schmidle, Fazlullah aparece como figura carismática, mais interessado em publicidade do que no combate.
Porém, o ataque à escola militar nesta terça não foi exatamente a primeira “grande obra” do líder paquistanês: a tentativa de assassinato de Malala Yousafzai também teria sido incentivada por ele, que tanto luta contra a educação de meninas (principal luta da ativista vencedora do Prêmio Nobel da Paz este ano).
Segundo a publicação, a maioria que apoia Fazlullah faz isso só moralmente, mas alguns pegaram em armas depois de ser inspirados por seus sermões na rádio FM e muitos desses recrutas são os jovens pobres, analfabetos e desempregados.