Moradores: companhia garantia que usina resistiria a tremor
22 mar2011 - 14h12
(atualizado às 18h00)
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ISABEL MARCHEZAN MARCELO DO Ó RICARDO MATSUKAWA
Direto de Okumamachi
Moradores da localidade de Okumamachi, onde fica a usina nuclear de Fukushima, não esperavam pelo acidente nuclear que provocou a evacuação de milhares de pessoas na costa leste do Japão. Explosões e superaquecimento nos reatores, decorrentes do terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março, não eram cogitados pelos habitantes dos arredores da usina.
Conheça principais passatempos de desabrigados em Tamura:
"A companhia elétrica de Tóquio nos dizia que nunca poderia haver um abalo, e nós acreditamos", contou o aposentado Masaaki Takiuchi, 69 anos, que está refugiado no ginásio municipal de Tamura. Ele, a mulher, Mitsue, e a mãe, Sono, moravam na localidade há 35 anos, e foram evacuados às pressas no dia 12 de março, levando apenas a roupa do corpo.
Ikumi Sasaki, 48 anos, conta que foi trazida para Tamura no dia seguinte ao terremoto. "A companhia dizia que a usina fora construída para resistir a qualquer tipo de terremoto. Mesmo após a explosão, ainda não acredito que isso aconteceu", disse ela. Ikumi está abrigada no ginásio com o marido e as duas filhas.
"Foi terrível, nunca presenciamos terremoto nem tsunami tão fortes", ressaltou ela. Apesar do susto, a família Sasaki pretende voltar para casa assim que possível. "Me criei e sempre morei naquela região, não imagino viver em outro lugar", justificou. "Também irei me esforçar", completou a filha Ayaka Sasaki, 12 anos.
Já os Takiuchi não têm essa certeza. A família deixou sua casa, semidestruída pelo terremoto, sem levar nada, e não sabe o que fazer quando a situação se normalizar. "Estamos muito chocados com o que aconteceu", diz Masaaki. "Eu não quero voltar, tenho muito medo", rebate sua mulher. "Provavelmente, daqui a 10 ou 15 aqnos, quando pudermos voltar para lá, estaremos muito velhinhos", completou ela.
Masaaki vai sentir falta dos jogos de softball com os vizinhos. Sua mãe, Sono, também praticava minigolfe com os amigos. E, juntos, ambos gostavam de caminhar nas proximidades da usina, à beira do mar. "O lugar onde ficam os reatores é muito bonito, à beira-mar. Levava minha mãe de carro para caminhar por ali", recordou.
Enquanto não sabem o que fazer, os refugiados aproveitam os confortos possíveis em um abrigo, como os banhos de ofurô, graças à estrutura mantida pelo exército japonês. "Quando estamos com frio, vamos para a água quente", observou.
As famílias refugiadas recebem roupas, cobertores e comida, quase tudo oriundo de doações que inundam as diferentes repartições públicas do Japão. Porém, a distribuição está ficando problemática devido à falta de gasolina, diz Seiji Saito, secretário de relações públicas da prefeitura de Tamura, onde há 2.645 pessoas refugiadas em nove diferentes abrigos.
Devido à redução da produção nacional, ao rompimento de dutos e ao aumento do consumo (por conta da fuga de pessoas da costa leste do Japão), a gasolina tornou-se produto escasso em toda a faixa central do país.
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22 de março - Na cidade de Tamura, 2.645 pessoas se refugiaram em nove diferentes abrigos após o terremoto
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - "A companhia elétrica de Tóquio nos dizia que nunca poderia haver um abalo, e nós acreditamos", disse o aposentado Masaaki Takiuchi, 69 anos
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - A mulher dele, Mitsue, diz que não quer voltar para onde morava; "tenho muito medo", afirmou
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - A família Takiuchi - Masaaki (centro), sua mulher, Mitsue (esq.), e sua mãe, Sono, foram evacuados às pressas
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - A família Sasaki também foi levada ao abrigo um dia após o terremoto seguido de tsunami, em Tamura
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Menina brinca com mangá em um dos nove abrigos para refugiados da cidade de Taruma
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Entre os pertences que moradores salvaram, estão revistas femininas
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Menino mostra brinquedos que conseguiu salvar do tsunami e levar para o abrigo, em Taruma
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Com os pertences salvos pelos moradores, os refugiados montaram uma "biblioteca" improvisada no abrigo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Menino sorri ao mostrar brinquedos que conseguiu salvar e levar para o abrigo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Homem usa boné para se proteger da claridade e dormir no abrigo, em Tamura
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Mulher põe o celular no ouvido de um menino desabrigado pelo tsunami, em Tamura
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Desabrigados, irmãos leem mangá juntos, em um ginásio esportivo na cidade de Tamura
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Mulher cochila encostada à parede do ginásio, em Taruma
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Mãe segura seu filho em meio a roupas e outros pertences acumulados no abrigo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Idosa observa o abrigo sobre varal improvisado pelos refugiados
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Entre os objetos que moradores conseguiram salvad, está um par de chinelos de pelúcia
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - O exército japonês montou uma estrutura com ofurô e local para higiene pessoal
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - No abrigo, carregadores de celulares e de tablets ficam à disposição dos refugiados
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Os refugiados podem utilizar um ofurô; "Quando estamos com frio, vamos para a água quente", disse Masaaki Takiuchi
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - No refúgio montado pelos militares, há baldes para higiene pessoal
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Baldes com xampus e sabonetes ficam à disposição dos refugiados
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Um aquecedor garante a temperatura amena na hora do banho de ofurô
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
22 de março - Cestas ficam em uma estante para que os refugiados utilizem na hora do banho