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Estados Unidos

Karzai defende pacto com EUA, mas anuncia condições

16 nov 2011 - 14h57
(atualizado às 15h13)
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O presidente afegão, Hamid Karzai, defendeu nesta quarta-feira diante de dois mil líderes tribais e políticos reunidos na Loya Jirga (grande assembleia) um pacto estratégico e de longo prazo com os Estados Unidos, mas ressaltou que inclui condições.

"Os Estados Unidos querem ter bases estratégicas em nosso país, mas temos condições: eles devem terminar suas operações contra civis e também não devem encarcerar afegãos em seus presídios", afirmou Karzai na abertura da reunião.

O presidente afegão relembrou as melhorias que o país viveu na última década, mas afirmou que o futuro das relações com a comunidade internacional, e especialmente com Washington, deve ser orientado de igual para igual. "Queremos nossa soberania a partir de hoje mesmo", disse Karzai com veemência, acrescentando que não quer nenhuma "estrutura paralela que solape o trabalho do governo".

"Queremos ter estabilidade e uma relação independente com os Estados Unidos. Os EUA são um país rico, mas nós somos leões, e os leões não querem que os demais animais venham à sua toca", afirmou o governante diante de uma plateia entusiasmada.

O primeiro dos quatro dias da Loya Jirga aconteceu sem grandes incidentes em uma gigantesca lona usada da Alemanha - e que já foi utilizada na tradicional Oktoberfest, segundo diversos meios de comunicação -, montada nas imediações da Universidade de Cabul.

O chefe do Executivo afegão aproveitou a tribuna do encontro para lançar uma mensagem de conciliação a seus vizinhos, em especial ao Paquistão, com o qual disse que seu país "tem a melhor das relações". "O Paquistão é a única via para alcançar a paz no Afeganistão" afirmou Karzai, que acrescentou que "o pacto estratégico com os EUA não vai ser utilizado contra os países vizinhos de nenhuma maneira".

Além das relações com o aliado americano, o outro grande ponto de debate da assembleia afegã será o processo de paz, que foi muito prejudicado após o assassinato do mediador de Karzai, o ex-presidente Burhanuddin Rabbani, por um suposto talibã. Neste ponto, o governante foi menos incisivo e pediu sugestões aos presentes para reativar o processo de negociação com os insurgentes.

"Após uma consulta com vocês, tomaremos as medidas necessárias para conduzir as conversas de paz com os talibãs", afirmou Karzai. Os seguidores do mulá Omar manifestaram oposição veemente a esta Loya Jirga e nos últimos dias lançaram ameaças contra a segurança dos participantes, motivo pelo qual a capital afegã está parcialmente tomada pelas forças de segurança.

Na segunda-feira os insurgentes afirmaram dispor dos planos de segurança da assembleia, e nesse dia um deles foi morto quando tentava chegar à Universidade carregado de explosivos. A retirada das tropas internacionais já começou no Afeganistão e deve terminar em 2014. As forças estrangeiras estão sendo progressivamente substituídas pelas afegãs na tarefa de manter a segurança em todo o país.

Karzai afirmou nesta quarta-feira que a segunda fase de transferência de responsabilidades à Polícia e ao Exército afegãos "começará nos próximos dias".

EFE   
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