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Ásia

Indonésia 'prepara caixões e soldados' para execuções

Segundo jornais locais, mil soldados foram enviados à ilha prisional onde brasileiro aguarda no corredor da morte; datas para execuções não foram anunciadas

27 fev 2015 - 15h51
(atualizado às 15h52)
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Rodrigo (à esquerda) e Marco Archer, que foi o primeiro brasileiro a ser executado no exterior, no mês passado
Rodrigo (à esquerda) e Marco Archer, que foi o primeiro brasileiro a ser executado no exterior, no mês passado
Foto: BBC News Brasil

A Indonésia intensificou os preparativos para a execução de prisioneiros condenados à morte ao encomendar caixões e enviar soldados à ilha onde as sentenças deverão ser cumpridas, informou a imprensa local.

Onze prisioneiros estão entre os presos a serem executados, incluindo o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, preso em julho de 2004 após tentar entrar na Indonésia com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe.

Nenhuma data foi anunciada para as execuções, que são por fuzilamento. Mas, segundo o jornal Jakarta Post, as sentenças deverão ser cumpridas "nos próximos dias".

Ao menos 10 caixões estariam prontos, informou o jornal, citando um representante de uma funerária em Cilacap que disse ter atendido pedidos anteriores de execuções na ilha prisional de Nusakambangan.

Australianos Myuran Sukumaran (à esquerda) e Andrew Chan estão entre os presos a serem executados
Australianos Myuran Sukumaran (à esquerda) e Andrew Chan estão entre os presos a serem executados
Foto: BBC News Brasil

"Eles estão prontos como foram pedidos", disse o representante Suhendro, segundo a reportagem.

Ele disse não saber quantos presos seriam executados mas que, com base no pedido, 10 pessoas receberiam a pena, disse o Jakarta Post. O funcionário notou que um dos caixões era significativamente maior que os outros.

O chefe da polícia de Cilacap, citado pelo jornal, confirmou que os caixões são parte dos preparativos para as execuções e que "tudo está preparado".

Cerca de mil soldados foram enviados para Nusakambangan para garantir a segurança da ilha durante as execuções e centenas de militares patrulham as águas ao redor da ilha, informou o Jakarta Post.

Angelita Muxfeldt, prima de Rodrigo que está na Indonésia, disse à BBC Brasil que a presença de soldados e autoridades se intensificou nos últimos dias na ilha e em Cilacap.

Segundo brasileiro condenado a morte na Indonésia é de Foz do Iguaçu:

A família do brasileiro aguarda uma resposta oficial ao pedido de transferência dele para um hospital psiquiátrico após um diagnóstico de esquizofrenia.

Impasse diplomático

Além do brasileiro, cidadãos de Austrália e França também estão entre os prisioneiros a serem executados. A questão gerou um impasse diplomático entre os governos da Indonésia e destes países.

A presidente Dilma Rousseff recusou temporariamente na semana passada as credenciais do novo embaixador indonésio no país, Toto Riyanto, dizendo que a entrega dos papéis diplomáticos será adiada até que tenha "clareza sobre as relações com a Indonésia".

Balsa com um caminhão da polícia chega da ilha de Nusakambangan, onde execuções de prisioneiros deverão ocorrer nos próximas dias, segundo mídia local
Balsa com um caminhão da polícia chega da ilha de Nusakambangan, onde execuções de prisioneiros deverão ocorrer nos próximas dias, segundo mídia local
Foto: BBC News Brasil

Em resposta, a Indonésia convocou de volta seu representante no Brasil. O governo brasileiro já havia convocado seu embaixador na Indonésia após a execução do carioca Marco Archer Cardoso Moreira, em janeiro.

Autoridades australianas também lançaram uma intensa campanha diplomática em defesa de Myuran Sukumaran e Andrew Chan, líderes do grupo de tráfico de drogas conhecido como "Os Nove de Bali". Eles foram presos em Bali em 2005.

O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, causou polêmica ao dizer que a Indonésia deveria lembrar a ajuda humanitária de US$ 780 milhões que o país recebeu da Austrália após o tsunami de 2004.

O presidente da Indonésia, Joko Widodo, disse nesta semana que nações estrangeiras não devem interferir no direito de seu país de aplicar a pena de morte. Ele afirmou ainda que as execuções não serão adiadas.

A Indonésia tem uma das mais severas legislações contra o tráfico de drogas do mundo. As execuções pelo crime foram retomadas em 2013 após uma moratória de quatro anos e o novo presidente tem adotado uma postura dura sobre o assunto, rejeitando pedidos de clemência.

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