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Ásia

Índia: confrontos e feridos em novo protesto contra estupro

22 dez 2012 - 10h55
(atualizado às 20h16)
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A polícia indiana usou gás lacrimogêneo, cassetetes e canhões de água para tentar dispersar o sexto e mais violento dia de protestos contra um estupro coletivo brutal de uma estudante na semana passada. Milhares de manifestantes, a maioria universitários, se reuniram próximo ao monumento Porta da Índia no coração da capital indiana e se deslocaram em direção ao palácio presidencial.

Policiais carregam garota que protestava em frente ao Palácio Presidencial indiano, em Nova Délhi
Policiais carregam garota que protestava em frente ao Palácio Presidencial indiano, em Nova Délhi
Foto: AFP

Os manifestantes furiosos gritavam "Queremos justiça", pedindo mais segurança para as mulheres em todo o país, enquanto a polícia tentava conter a multidão. Alguns cartazes diziam "Enforquem os estupradores agora". Neste sábado, o ministro do Interior sugeriu que a Índia pode considerar a pena de morte para os estupradores.

Seis homens bêbados estavam em um ônibus quando abordaram a estudante de fisioterapia e o companheiro de 28 anos. Eles violentaram a moça diversas vezes antes de empurrar o homem do veículo em movimento. Durante o ataque, a vítima sofreu sérios ferimentos intestinais por ter sido agredida com uma barra de ferro. Cinco suspeitos foram presos depois do crime e o sexto foi pego na sexta-feira.

O crime é o último de uma série de violentos ataques às mulheres na capital e desencadeou pedidos de leis mais rígidas e processos mais rápidos. Neste sábado, tropas de choque foram chamadas e rotas que levavam ao local da manifestação foram bloqueadas para tentar conter os protestos. Alguns manifestantes arremessavam pedras.

Os choques começaram quando um grupo tentou romper as barricadas policiais e se dirigir ao palácio presidencial. Cerca de 20 estudantes ficaram feridos no confronto e foram levados a um hospital da capital, segundo a Press Trust of India.

Médicos do hospital onde a vítima, 23 anos, está sendo tratada disseram que ela estava em estado crítico, mas estável e foi retirada de um respirador. "Ela está bem melhor que ontem. Ela bebeu goles de água e suco de maça hoje," informou o médico superintendente do Safdarjung Hospital, B.D. Athani. A vítima é "muito corajosa, positiva e otimista", disse outro médico, Abhilasha Yadav.

Após a intensificação das manifestações após o ataque de domingo passado, o governo pediu calma. "Esta não é a forma de protestar. Tentar atacar prédios e destruir barricadas não é o caminho para começar um diálogo," disse o ministro R.P.N. Singh à rede de televisão indiana CNN-IBN. "O governo está fazendo tudo o que pode para tomar medidas e garantir que as mulheres estejam em um país seguro."

O governo declarou na sexta-feira que pressionará para que os agressores da estudante sejam condenados à prisão perpétua e prometeu maior policiamento, além de pagar as despesas médicas da vítima. Ravi Shankar Prasad, porta-voz do principal partido de oposição nacional, o Bharatiya Janata (BJP), disse que Nova Délhi "está se tornando a capital do estupro" da Índia. 

O número de casos de estupro em Nova Délhi aumentou 17%, a 661, em um ano, de acordo com dados do governo, a cifra mais alta em comparação a outras cidades indianas. Especialistas dizem que uma combinação de comportamento sexual abusivo, pouco temor da lei e um sistema judicial obsoleto encorajam tais ataques na cidade de 19 milhões de pessoas.

A líder do opositor BJP, Sushma Swaraj, solicitou que os estupradores recebam pena de morte. O ministro do Interior, Sushil Kumar Shinde, disse que o governo avaliaria a "pena máxima nos mais raro do raros entre os casos de estupro", se referindo à pena de morte.

A pena máxima atual para o estupro é a prisão perpétua e "a pena de morte terá que ser discutida em detalhes", disse Shindle em coletiva de imprensa neste sábado. A Índia executou apenas duas pessoas desde 2004.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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