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Ásia

Homossexuais desafiam proibições para exigir igualdade na Rússia

25 mai 2013 - 12h34
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Ativistas homossexuais desafiaram neste sábado as proibições das autoridades russas e saíram às ruas de Moscou para exigir igualdade de direitos e protestar pela recente aprovação de uma lei contra a "propaganda de homossexualismo".

Mais de 30 pessoas, incluindo o líder do movimento gay na Rússia, Nikolai Alexeev, foram detidas na capital do país durante as tentativas de ativistas homossexuais de abrir cartazes e se manifestar em frente aos edifícios do Parlamento e da Prefeitura.

Segundo a polícia, também foram detidas várias pessoas que tentaram agredir os participantes destas ações, proibidas pelas autoridades.

O primeiro de vários atos de violência, incluindo ataques em grupo por parte de supostos militantes nacionalistas, começou quando dois jovens abriram um cartaz em frente ao edifício do Parlamento.

Desta vez, as manifestações homossexuais tinham também o objetivo de comemorar o 20º aniversário da abolição da lei soviética que penalizava com vários anos de prisão o ato homossexual e o considerava como uma doença psiquiátrica.

"Nada mudou. A propaganda oficial contra os homossexuais causa muito dano. Os sociólogos confirmam o aumento da intolerância devido à campanha homofóbica lançada pelas autoridades", disse à Agência Efe Vladimir Voloshin, diretor de "Kvir", a revista mais popular entre os homossexuais russos, que agora só é divulgada na internet.

Uma recente pesquisa do prestigiado centro de pesquisas Levada, realizada em 45 regiões do país, revelou que apenas 1% dos russos sente respeito pelos homossexuais. Já 66% dos russos (71% dos homens e 61% das mulheres) manifestaram repulsa em relação aos gays, e 60% para com as lésbicas.

Voloshin citou como exemplo o assassinato de um jovem homossexual na cidade de Volgogrado (antiga Stalingrado) durante os recentes festejos do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazista.

O corpo do jovem de 23 anos foi encontrado com sinais de tortura, o rosto desfigurado e sem órgãos genitais.

A decisão das autoridades moscovitas de proibir as manifestações homossexuais foi duramente condenada pelas organizações de defesa dos direitos humanos.

Segundo a chefe do escritório moscovita da Human Rights Watch, Tatiana Lokshina, "desta maneira, as autoridades mostram que estimulam a homofobia, que esta não lhes é alheia. Esse tipo de manifestação é realizado em grandes cidades de todo o mundo sem nenhum problema".

A ativista ressaltou que semelhantes proibições de reuniões pacíficas são "inaceitáveis".

Por sua vez, a lei contra a "propaganda homossexual" também despertou inúmeras críticas internacionais.

A União Europeia (UE) pediu à Rússia que cumpra a Convenção Europeia dos Direitos Humanos da qual é signatária e proteja os direitos dos homossexuais.

A chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, pediu à Rússia "que cumpra seus compromissos nacionais e internacionais, em particular os do Conselho Europeu como signatário da Convenção Europeia de Direitos Humanos, visando a proteção dos direitos de todas essas pessoas", diz o comunicado.

Segundo especialistas da ONU em liberdade de expressão, direitos humanos, direitos culturais e o direito à saúde, a lei contra a "propaganda de homossexualismo" pode minar os direitos humanos na Rússia.

Em meio a esta situação, o presidente na Rússia, Vladimir Putin, disse que antes de 1º de julho serão efetuadas as mudanças necessárias no regulamento de adoções para impedir que crianças russas possam ser entregues a casais homossexuais estrangeiras.

Defendendo a medida, Pavel Astakhov, Comissário da Presidência da Rússia para os Direitos do Menor, afirmou que os que apoiam o casamento homossexual "propõem mudar o modelo vigente no mundo".

Segundo ele, "casamento é uma união entre um homem e uma mulher. Nós não temos outra coisa. Ponto final".

EFE   
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