Os moradores da cidade de Fukushima, onde ocorreu o acidente nuclear durante o tsunami de 2011, correm mais risco de contrair câncer que o restante da população mundial. É o que revela um relatório do grupo internacional de especialistas convocados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para analisar a saúde das pessoas que ficaram muito, pouco ou nada expostas à radiação emitida pela usina nuclear Fukushima Daiichi, na cidade japonesa de Fukushima, sacudida pelo tsunami.
Os especialistas analisaram os efeitos na saúde das pessoas que habitavam Fukushima (a mais de 20 quilômetros da usina), do resto dos japoneses, dos moradores de países vizinhos e dos cidadãos do restante do mundo.
O estudo estabelece que "o risco estimado para cânceres específicos em alguns grupos da população da cidade de Fukushima aumentou" e, portanto, os especialistas fazem um apelo para que seja feito um acompanhamento específico e contínuo dessas pessoas.
Segundo o estudo, os casos de câncer que afetam órgãos específicos poderiam aumentar 4% nas mulheres expostas à radiação quando crianças; assim como o câncer de mama poderia aumentar 6% nas que sofreram essa exposição quando menores.
A ameaça de contaminação por radioatividade, depois que a usina nuclear de Fukushima foi danificada no tremor do dia 11, lotou mais de 40 abrigos na cidade; homem chora ao relatar drama
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Dos 4,8 mil refugiados da cidade, cerca de 70% (3,3 mil) são pessoas que moravam muito próximo da usina nuclear na costa da província
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O contabilista Akihiko Satoh prefere estar abrigado no ginásio da escola Nishi, com mais uma centena de pessoas, do que em sua casa em Minamisoma
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Muitos que estão nos abrigos tiveram as residências danificadas ou ficaram sem energia, gás e água
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A escola mantém atualmente 138 pessoas - já recebeu 250, mas parte delas já foi embora para ainda mais longe dos reatores
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Masao Omuro, 73 anos, morava a 3 km dos reatores nucleares e foi levado por um ônibus do governo junto com a mulher, um filho e um neto para o abrigo
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Abrigo conta até com uma mini biblioteca para os refugiados
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Pessoas assistem ao noticiário no abrigo de Fukushima
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Lixos são separados para reciclagem
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Um homem descansa no abrigo japonês
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Uma voluntária do abrigo lê um jornal do Japão
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Mensagem em uma mesa diz: "Força, Japão"
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Mulher tenta furar uma maçã com os hashis, principal ferramenta usada pelo orientais para alimentação
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Aquecedor destinado aos refugiados
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Japoneses recebem alimentação no abrigo de Fukushima
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Crianças se distraem jogando videogame
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Mulher lê jornal; periódicos são distribuídos para os refugiados
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Com o frio, idosa se protege com um cobertor no abrigo da escola Nishi
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Idosa descansa no abrigo de Fukushima
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Mãe cuida de seu filho no abrigo de Fukushima
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Criança chora pedindo pela mãe no abrigo da escola Nishi
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Homem recebe indicação de uma notícia no jornal no abrigo de Fukushima
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Garoto se diverte com uma bexiga
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
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Os casos de leucemia poderiam aumentar 7% nos homens expostos à energia nuclear quando meninos e os de câncer de tireóide até 70% nas mulheres expostas quando meninas. No entanto, a OMS especifica que esse tipo de câncer é muito raro e normalmente apenas 0,75% das mulheres o desenvolvem.
A respeito dos trabalhadores que ficavam na usina, o relatório diz que dois terços deles correm risco de desenvolver câncer, enquanto um terço tem um "risco maior" de ter a doença. Para o resto da população japonesa e mundial, o relatório conclui que não há nenhuma incidência específica, e que não é esperado um aumento dos casos de câncer.
Em um relatório prévio da OMS sobre os níveis de radiação a que os japoneses foram expostos, incluindo os habitantes de Fukushima, concluiu-se que foram abaixo do limite considerado nocivo para a saúde.
A conclusão do trabalho foi que nenhum desses grupos recebeu níveis de radiação superiores aos limites perigosos para a saúde, estabelecidos pela Comissão Internacional da Proteção à Radiação (ICRP).