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Ásia

Guru que enfeitiçou poderosos é preso após cair em desgraça

Wang foi preso acusado de estar envolvido no assassinato de um de seus discípulos

29 jul 2015 - 06h11
(atualizado às 10h40)
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Guru que enfeitiçou poderosos da China é preso após cair em desgraça
Guru que enfeitiçou poderosos da China é preso após cair em desgraça
Foto: Twitter

Ele assegurava que curava o câncer, que do nada fazia aparecer serpentes e que quebrava tábuas de madeira só respirando em cima delas, mas para o guru chinês Wang Lin nenhuma dessas supostas habilidades que dizia ter o livrou do calabouço.

Wang foi preso acusado de estar envolvido no assassinato de um de seus discípulos. O mago enfeitiçou celebridades e poderosos da China como mestre do "qigong", uma prática oriental derivada do taoísmo e baseada no controle da respiração.

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As autoridades chinesas anunciaram, após sua detenção no dia 16 de julho junto a outros três homens, que investigam a relação de Wang com o desaparecimento e morte de Zou Yong, um empresário e vice-presidente do parlamento provincial de Jiangxi (sudeste) que esteve vinculado ao mago.

Zou e Wang entraram há dois anos em um litígio por uma série de dívidas e denúncias cruzadas que começaram a minar o prestígio do outrora todo-poderoso feiticeiro, agora já caído em desgraça.

Wang Lin, de 63 anos, apareceu publicamente nos anos 90, quando o "qigong" entrou na moda na China, e com o tempo angariou uma legião de seguidores cheia de nomes conhecidos.

Desde o fundador do gigante chinês do comércio eletrônico Alibaba, Jack Ma, até estrelas do cinema como Jackie Chan e Jet Li, um bom número de famosos do gigante asiático foram seduzidos pelos truques do guru.

Sua mansão em Pingxiang (Jiangxi), um prédio de cinco andares com um grande jardim, era chamado popularmente de "o palácio" e se tornou uma espécie de centro de peregrinação frequentado não só por celebridades do mundo do espetáculo, mas também por políticos do alto escalão.

O ex-ministro de Relações Exteriores chinês Qian Qichen, o ex-chefe do Executivo de Hong Kong, Donald Tsang Yam-kuen, a cunhada do ex-presidente Hu Jintao e a irmã do ex-presidente Jiang Zemin foram algumas das pessoas próximas de Wang.

A todos lhes convenceu que possuía poderes sobrenaturais que, segundo proclamava o mago, o habilitavam para preencher copos vazios com vinho surgidos aparentemente do ar, transformar cinzas em papel ou materializar serpentes, com as quais depois tirava fotos.

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O mestre do "qigong" também dizia ter capacidades de cura e dizia ter curado 50 mil pessoas, um currículo que fez do ex-ministro de Saúde chinês, Chen Minzhang, um de seus fãs.

No entanto, as artes de Wang demonstraram em algumas ocasiões ser flagrantemente ineficazes, como quando prometeu ao ex-ministro de Ferrovias, Liu Zhijun, que poria um amuleto em seu escritório para "assegurar-lhe uma vida sem fracassos" e o dirigente comunista terminou, anos depois, condenado à morte por corrupção.

O guru foi ganhando uma fortuna graças ao dom de reunir seguidores influentes e ricos que pagavam grandes somas por seus serviços.

Zou Yong, empresário e político que a polícia o acusa de ter assassinado, admitiu em 2013 em entrevista à rede de televisão estatal "CFTV" que pagou a Wang 5 milhões de iuanes (cerca de R$ 2,75 milhões) para se transformar em seu discípulo.

"Eu também pensava que Wang era um santo, mas perdi uns poucos milhões de iuanes aprendendo o 'qigong' dele", declarou depois Zou ao jornal "South China Morning Post", de Hong Kong.

"Tudo que recebi foi um livro, uma pequena tábua e um colchão. Pratiquei tão duramente como ele me pediu durante dois anos. No final, não aprendi nenhuma magia", reconheceu o empresário.

A relação entre Wang com Zou ruiu, como com outros vários antigos clientes do mago, e acabou nos tribunais.

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Paralelamente, as autoridades de saúde de Jiangxi iniciaram uma investigação sobre a veracidade das supostas curas do mago que concluiu, no começo deste mês, que eram mentira, embora não tivessem como provar que ele cometeu ilegalidades.

Pouco depois, no dia 9 de julho, foi denunciado o desaparecimento de Zou e uma semana mais tarde Wang foi detido pela polícia.

À espera de que se determine sua culpa no caso, a imprensa oficial chinesa já o chama de "charlatão".

A reputação do guru que cativou as elites da China evaporou, de forma inversa às serpentes que Wang dizia que era capaz de materializar do nada.

EFE   
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