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Ásia

Filipinas: número de mortos por tufão Bopha chega perto de 500

6 dez 2012 - 06h08
(atualizado às 11h32)
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As autoridades anunciaram nesta quinta-feira que o tufão que devastou o sul das Filipinas e pode ser um dos mais mortíferos dos últimos anos no arquipélago causou a morte de cerca de 500 pessoas e o desaparecimento de 400, enquanto 250 mil estão desalojadas.

Bombeiros utilizam tirolesa para resgatar uma mulher em região atingida pela cheia de um rio, em New Bataan
Bombeiros utilizam tirolesa para resgatar uma mulher em região atingida pela cheia de um rio, em New Bataan
Foto: AFP

Bopha, o tufão mais poderoso registrado em 2012 nas Filipinas, com ventos superiores a 200 km/h, atravessou durante a madrugada de terça para quarta-feira o sul da ilha de Mindanao, varrendo e inundando uma faixa de 700 km de terra.

As equipes de socorro recuperaram pelo menos 477 corpos nesta quinta-feira: 258 na costa leste e 191 perto das cidades de Nova Bataan e Monkayo , uma região de pequenas minas de ouro clandestinas nas montanhas, expostas a deslizamentos de terra, indicou o general responsável por dirigir os resgates, Ariel Bernardo.

O Escritório da Defesa Civil em Manila afirmou que mais 19 pessoas morreram em Mindanao e nove em outras ilhas. Erinea Cantilla e sua família andaram descalços por dois dias, em água lamacenta e destroços, em busca de comida e abrigo após a destruição de sua casa e da plantação de banana e cacau, não muito longe de Nova Bataan.

"Tudo o que tínhamos se perdeu. As únicas pessoas que ficaram para trás, estão mortas", testemunhou à AFP, com o marido, três filhos e uma neta. A prioridade do governo nesta quinta é encontrar 380 pessoas desaparecidas e construir abrigos temporários para 250 mil desabrigados, indicaram as autoridades.

"Não haverá limite de tempo. Vai levar o tempo que precisar", declarou o chefe da Defesa Civil, Benito Ramos, quando questionado quanto tempo duraria as buscas.

Medo de epidemias
Sobreviventes vasculhavam entre os escombros de suas casas para tentar recuperar alguns pertences. Outros, à procura de parentes desaparecidos, examinavam corpos cobertos com lama e alinhados sob lonas.

"Em uma semana, tenho certeza que o cheiro da morte forçará os sobreviventes a fugir da cidade", lamentou Macalipay Francisco, um soldado envolvido nas operações de resgate. Faltam sacos para os corpos. Com a umidade e a decomposição dos corpos, as autoridades temem epidemias. O trabalho é lento por causa das ruas bloqueadas e pontes que desabaram.

O governo pediu a ajuda da Organização Internacional para as Migrações, com sede na Suíça, para a construção de abrigos temporários para os sobreviventes, informou o ministro dos Assuntos Sociais, Corazon Soliman. A presidência das Filipinas enviou navios carregados com comida e suprimentos de emergência para 150 mil pessoas na costa leste de Mindanao, onde três cidades permanecem isoladas do mundo.

A maioria das vítimas do tufão em Mindanao eram migrantes muito pobres, atraídos para cidades como Nova Bataan e Monkayo nas montanhas, e que trabalhavam em minas de ouro, desprovidos de qualquer segurança.Apenas estas duas cidades têm metade das mortes causadas por Bopha, de acordo com o Escritório da Defesa Civil.

O governo proibiu a construção de habitação em vários desses locais, considerados perigosos, mas as autoridades locais continuam a emitir licenças para obras e se mostrou incapaz de deter a expansão das comunidades, lamentou o secretário de Meio Ambiente, Ramon Paje.O tufão também destruiu um quarto das plantações de bananas nas Filipinas, o terceiro maior exportador desta fruta, de acordo com a associação de produtores e exportadores de bananas.

As inundações também podem espalhar a doença do Panamá, causada por um fungo que ataca as raízes da árvore, temem os líderes do setor.As Filipinas sofrem com cerca de 20 grandes tempestades ou tufões todos os anos, que ocorrem principalmente durante a estação chuvosa, entre junho e outubro. Bopha é 16º do ano.

Em 2011, 29 tufões causaram a morte de 1.500 pessoas, incluindo 1.200 em Mindanao após a passagem da tempestade tropical Washi.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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