Falta de alternativa à energia nuclear preocupa japoneses
11 mar2012 - 08h00
(atualizado às 14h31)
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Um ano após a pior tragédia natural da história do Japão, a busca por novas fontes de energia é a principal tarefa de casa para autoridades e pesquisadores japoneses.
O terremoto seguido de tsunami, no dia 11 de março de 2011, além de destruir praticamente todo o litoral nordeste do país e matar cerca de 19 mil pessoas, causou o pior acidente nuclear do mundo desde a tragédia de Chernobyl, na Ucrânia, em abril de 1986.
Por conta disto, o Japão vem sofrendo pressão da população e também de outros países para abandonar a energia nuclear, responsável até então pela produção de cerca de um terço do que o país consumia. O governo tinha planos de aumentar a utilização desta fonte de energia em até 50%. Mas, atualmente, apenas dois dos 54 reatores existentes no arquipélago estão funcionando.
O governo ordenou que sejam feitos testes de resistência, obrigatórios a partir de agora para verificar se as usinas nucleares são capazes de suportar desastres como o de março do ano passado.
Até o verão, todos os 54 reatores deverão ser desligados. Isto fez com que o déficit da balança comercial batesse um recorde no mês de janeiro passado.
As importações excederam as exportações em cerca de US$ 19 bilhões por conta do grande aumento das importações de combustível.
Foi o quarto mês consecutivo de resultado negativo da balança comercial japonesa e também a diferença mais alta já registrada em 30 anos pelo Ministério das Finanças.
Protestos
Desde março do ano passado, diversos protestos tomaram as ruas da capital japonesa e também de outras cidades do arquipélago. Os japoneses pedem o fim do uso da energia nuclear.
Após o acidente em Fukushima, países como Alemanha, Suíça e Bélgica decidiram abandonar a energia nuclear e desenvolver fontes alternativas renováveis de energia.
No entanto, cerca de outros 50 países no mundo operam, constroem ou têm planos de ter usinas nucleares. A questão foi exaustivamente abordada esta semana por todas as mídias japonesas.
E os pesquisadores entrevistados são unânimes: sem a energia nuclear, o Japão não tem como sobreviver e vai depender dela, mesmo enfrentando custos mais altos.
O primeiro-ministro Yoshihiko Noda e seus ministros ainda avaliam o que será feito. Mas espera-se que eles irão autorizar a reativação dos reatores, porém, com exames adicionais de segurança, como recomenda a Comissão de Segurança Nuclear japonesa e reivindicam os municípios que acolhem as centrais nucleares.
Um ano
O terremoto de nove pontos de magnitude atingiu a região nordeste do Japão em março do ano passado. Cerca de 20 minutos depois, ondas de até 40 m de altura varreram tudo o que tinha pela frente.
Segundo dados da polícia, cerca de 15 mil pessoas morreram e outras 3 mil continuam desaparecidas.
A tragédia se agravou depois que as ondas gigantes atingiram a usina nuclear de Fukushima, causando um acidente nuclear.
Mais de 80 mil famílias foram obrigadas a deixar suas casas num raio de 30 km de distância da planta.
Neste domingo, diversas cerimônias em todo o país devem lembrar as vítimas da tragédia que mais matou pessoas desde a Segunda Guerra Mundial.
Homem caminha em um memorial em homenagem às vítimas do terremoto seguido de tsunami em Fukushima
Foto: Reuters
No Japão, homem caminha pela área de Hiyori Yama para rezar pelas vítimas da tragédia, mais de 19 mil, na região atingida por um terremoto seguido de um tsunami, em 11 de março de 2011. A costa nordeste do país asiático sofreu os maiores abalos da história do país, 8,9 graus na escala Richter, e os tremores causaram tsunamis que devastaram a região. A usina nuclear de Fukushima Daiichi também foi afetada por um dos terremotos subsequentes
Foto: AP
Tsunami arrastou navio pesqueiro Kyotoku Maru Nº 18 por 800 m no porto de Kesennuma, na província de Miyagi, onde permanece até hoje
Foto: AP
Em uma cerimônia em Ofunato, em Iwate, retrato de homem morto nas tragédias é visto entre itens que homenageiam as vítimas japonesas
Foto: Reuters
Koyu Morishita faz pausa de silêncio em frente ao túmulo de seu pai, Tokusabro, morto aos 84 anos durante o terremoto seguido de tsunami, em Ofunato, Iwate
Foto: Reuters
Ativista usa máscara de Barack Obama, presidente dos EUA, e faz gestos em referência ao Encontro de Segurança Nuclear, que acontece em Seul dias 26 e 27 de março
Foto: AP
Na véspera do aniversário de um ano da tragédia japonesa, alunos de Banda Aceh, na província de Aceh, escreverem mensagens nas flores
Foto: AP
Jardim de flores de papel foi criado durante atividade para rezar pelas vítimas do Japão
Foto: AP
Na Coreia do Sul, menina participa de encontro em homenagem ao primeiro aniversário do desastre nuclear de Fukushima
Foto: AP
Estudantes da Indonésia criam jardim com flores de papel para homenagear as vítimas do terremoto seguido de tsunami que assolou a costa japonesa
Foto: AP
Com velas, as vítimas da tragédia também foram lembradas em Nova York, nos Estados Unidos
Foto: Reuters
Jovens japonesas usaram máscaras para protestar contra a energia nuclear durante as homenagens às vítimas
Foto: Reuters
Foto: Terra
Família reza diante do que sobrou de um centro de controle em área devastada em Minamisanriku, na prefeitura de Miyagi
Foto: AP
Tomoe Kimura, uma pessoa evacuada da cidade de Okuma, veste roupas de proteção durante rápida visita em área proibida ao redor da usina de Fukushima
Foto: Reuters
Familiares oram por avó morta após o terremoto que atingiu a cidade de Ishinomaki, na prefeitura de Miyagi
Foto: Reuters
Pessoas se dão as mãos em homenagem às vítimas da tragédia que atingiu o país há 1 ano em Minamisanriku, prefeitura Miyagi
Foto: AP
Moradores evacuados depositam flores em visita a área proibida na cidade de Okuma
Foto: Reuters
Moradores vestem roupas especiais para participar de cerimônia em região próxima à usina de Fukushima
Foto: Reuters
Pessoas fazem um minuto de silêncio nos arredores do Teatro Nacional de Tóquio, onde foi realizada uma cerimônia em homenagem às vítimas do desastre, com a presença do imperador Akihito e do primeiro-ministro Yoshihiko Noda
Foto: Reuters
Dezenas fazem um minuto de silêncio exatamente às 2h46, momento em que o terremoto atingiu o país, na cidade de Koriyama, prefeitura de Fukushima
Foto: Reuters
População de Minamisanriku se reúne ao redor de centro de controle que resistiu aos estragos do terremoto e tsunami que atingiram a cidade há 1 ano
Foto: AP
Parentes de vítimas depositam flores em altar do memorial realizado no Teatro Nacional de Tóquio
Foto: AFP
O imperador Akihito e a imperatriz Michiko prestam suas homenagens às vítimas
Foto: AFP
Moradores de Rikuzentakata, na prefeitura de Iwate, uma das mais atingidas pelo desastre, assistem ao discurso do imperador Akihito durante cerimônia em Tóquio
Foto: AFP
O primeiro-ministro Yoshihiko Noda também discursou durante a cerimônia, prometendo acelerar ao máximo reconstrução do Japão
Foto: AFP
Em Yuriage, distrito de Natori, em Miyagi, memorial às vítimas do terremoto e tsunami na corta nordeste japonesa há exatamente um ano tem velas que escrevem "Kizuna" (símbolo chinês que significa 'laço') e "3.11" (em referência à data dos desastres)
Foto: AFP
Manifestantes em protesto contra política de energia nuclear japonesa seguram velas e fazem corrente humana em frente ao prédio da câmara legislativa, em Tóquio
Foto: AFP
Wakana Kumagaim, de 7 anos, e sua mãe, Yoshiko, choram ao visitar local em que ficava sua casa, em Higashimatsushima, Miyagi, antes de ser levada pelo tsunami que se seguiu ao terremoto do ano passado
Foto: Reuters
Cerca de 3 mil velas com mensagens escritas principalmente por crianças iluminam parque em Koriyama, em Fukushima, em homenagem às 19 mil vítimas dos desastres de 11 de março de 2011
Foto: AFP
Em Paris, estilista Kenzo acompanha minuto de silêncio pelas vítimas japonesas
Foto: Reuters
No dia do primeiro aniversário dos desastres, manifestantes usam máscaras em protesto contra o uso de energia nuclear. Ação é em Tóquio, em frente à Tepco, companhia que controla as usinas de Fukushima, afetas pelos fenômenos naturais e responsáveis pela maior crise nuclear desde Chernobyl
Foto: AFP
Um culto budista ecumênico foi realizado em São Paulo para marcar um ano da tragédia no Japão
Foto: Reuters
Em São Paulo, as homenagens foram marcadas por orações às vítimas da tragédia
Foto: Reuters
Descendentes de japoneses se emocionaram durante a celebração na Liberdade, tradicional bairro japonês de São Paulo
Foto: Reuters
No dia que marca um ano da tragédia em Fukushima, no Japão, ativistas foram às ruas do Rio de Janeiro para cobrar da presidente Dilma Rousseff o fim da energia nuclear no Brasil
Foto: AP
Além das homenagens às vítimas no Japão, no Brasil ativistas protestaram contra a energia nuclear por causa do acidente em Fukushima
Foto: AP
No Rio de Janeiro, a mobilização ocorreu em Ipanema, na zona sul da capital, e reuniu cerca de 40 pessoas
Foto: AP
Foto: Terra
Familiares e amigos de vítimas do terremoto e tsunami que atingiu o Japão em março de 2011 lançam flores no Oceano Pacífico durante cerimônia que lembrou da tragédia