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Ásia

Elogios aos Kim invadem reencontros de famílias coreanas

25 out 2015 - 10h11
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Além das lágrimas e dos abraços de parentes que não se viam há mais de seis décadas, os elogios ao regime de Kim Jong-un foram a tônica na reunião de famílias divididas pelas duas Coreias, apesar da proibição de falar de política.

Após a primeira rodada de reencontros, que aconteceu entre terça-feira e quinta-feira, muitos familiares sul-coreanos declararam à imprensa local que seus parentes da Coreia do Norte elogiaram o "líder supremo" e o sistema socialista norte-coreano durante as reuniões coletivas.

Isto apesar de os parentes - a maioria idosos - terem recebido uma lista de temas proibidos, como política e assuntos sociais de atualidade, antes da 20ª reunião, a primeira em quase dois anos, realizada no monte Kumgang, em território norte-coreano.

Mais de cinco centenas de membros de 96 famílias divididas se reuniram durante três dias em seu primeiro reencontro desde a Guerra da Coreia (1950-1953), e outras 90 famílias o fazem neste domingo em três reuniões coletivas e uma individual de duas horas de duração cada uma.

No caso das famílias sul-coreanas, praticamente todas cumprem com todo rigor as normas, pois que "se criticarem os líderes (da família Kim) ou fizerem comentários inapropriados podem criar problemas para seus parentes da Coreia do Norte", revelou à Agência Efe um funcionário do governo em Seul.

Quanto às norte-coreanas, seus elogios aos líderes e ao regime dos Kim foram constantes, revelaram tanto as famílias como fontes do Executivo sul-coreano, e inclusive os próprios meios de imprensa de Pyongyang.

"Os norte-coreanos disseram a seus familiares do Sul que desfrutam de uma vida feliz e plena graças ao sistema socialista coreano focado nas massas populares, lembrando os dias de trabalho abnegado para a prosperidade sob o cuidado do grande sol (o líder)", publicou a agência estatal norte-coreana "KCNA" ao término do primeiro encontro.

Uma fonte do governo sul-coreano revelou à Efe que autoridades da Coreia do Norte vigiam o que os participantes da reunião de famílias dizem e, uma vez finalizadas, os submetem a uma "sessão de controle" para verificar o que comunicaram a seus parentes e vice-versa.

Apesar desta situação, a fonte afirmou que o governo de Seul "não está preocupado" que os norte-coreanos transmitam "mensagens de propaganda" a seus parentes do Sul, apesar de a Lei Nacional de Segurança sul-coreana restringir duramente qualquer tipo de elogio ao regime dos Kim.

"Nossa principal prioridade é evitar qualquer tipo de problema nas reuniões. Sempre que for assim, ficaremos satisfeitos", disse a fonte.

É preciso lembrar que as reuniões de famílias separadas são um assunto delicado, que depende das relações políticas entre Norte e Sul, que só organizam este tipo de evento em momentos de reconciliação.

Isto explica porque as autoridades estabeleceram um alto número de restrições para evitar problemas que pudessem alterar os encontros ou provocar um conflito entre os governos de Seul e Pyongyang.

As reuniões de famílias divididas também incluem troca de presentes e geralmente os participantes da mais próspera Coreia do Sul entregam dinheiro aos seus parentes do Norte, o que também está sujeito a algumas restrições.

Por exemplo, na lista elaborada pela Cruz Vermelha figuram como proibidos artigos eletrônicos, obras de arte, relógios e cosméticos acima de US$ 100, enquanto a entrega de dinheiro não pode passar dos US$ 1.500, uma fortuna para o país comunista.

EFE   
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