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Ásia

Desabamento em Bangladesh tem 250 mortos e 24 sobreviventes localizados

25 abr 2013 - 15h13
(atualizado às 15h54)
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Os serviços de resgate encontraram nesta quinta-feira 24 sobreviventes entre os escombros do prédio que desabou na véspera em Bangladesh, uma tragédia que já deixou 250 mortos e que trouxe mais uma vez à tona a questão das condições de trabalho nas indústrias têxteis que abastecem as lojas do Ocidente.

Pelo menos 250 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas no desabamento de um edifício de oito andares que abrigava confecções têxteis nas proximidades da capital de Bangladesh, Dacca.

Na noite desta quinta-feira, as autoridades anunciaram que 40 pessoas tinham sido localizadas com vida em uma sala no interior do prédio, mas o número final foi revisado para 24 resgatados em uma operação transmitida ao vivo pela televisão local.

O edifício Rana Plaza, além das unidades de confecção, também abrigava um mercado e um banco.

"O prédio todo desabou em questão de minutos. A maioria dos trabalhadores não teve chance de escapar," disse à AFP o chefe do Departamento Nacional de Incêndios, Ahmed Ali.

Apenas o primeiro andar do prédio ficou intacto, mas o local parecia ter sido atingido por um terremoto.

Grupos de defesa dos direitos trabalhistas afirmaram que este foi o acidente mais grave em uma fábrica do país, o que levou o governo da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, prometer que o proprietário do prédio, que está foragido, será perseguido e castigado.

"As pessoas que estiverem envolvidas, principalmente o proprietário que obrigou os operários a trabalhar dessa forma, serão castigados. Estejam onde estiverem, vamos encontrá-los e levá-los à justiça", afirmou.

O chefe da polícia, Monir Hosain, afirmou que foi aberta uma investigação sobre o proprietário do prédio, um membro do partido no poder, por violação as leis da construção.

Segundo o ministro do Interior, Muhiudin Khan, o prédio foi construído sem respeitar a legislação vigente.

Diante da situação, milhares de operários saíram de suas fábricas nesta quinta-feira em solidariedade aos colegas mortos. Na cidade, as bandeiras estavam a meio mastro e o governo decretou um dia de luto nacional.

Alguns funcionários das confecções alertaram publicamente na noite de terça-feira para a existência de rachaduras, o que provocou pânico entre os trabalhadores. O problema chegou a provocar uma correria que deixou dez feridos. Mas todos foram obrigados a retornar ao trabalho pelos chefes.

"Os chefes nos obrigaram a voltar e uma hora depois do retorno o edifício desabou com um grande barulho", contou à AFP Musumi, uma operária de 24 anos.

Musumi afirmou que quase 5.000 pessoas trabalhavam no edifício, que também tinha apartamentos e lojas.

A indústria têxtil de Bangladesh é a segunda maior do mundo. Abastece sobretudo marcas ocidentais de baixo custo.

Mas o setor é muito criticado por não respeitar as normas de segurança e funcionar em péssimas condições de trabalho.

Grupos ocidentais são acusados de favorecer seus interesses em detrimento da segurança dos trabalhadores.

A rede britânica de roupas de preços reduzidos Primark admitiu que uma de suas fornecedoras trabalhava no Rana Plaza.

"A empresa está comovida e profundamente triste com este terrível acontecimento em Savar, perto de Dacca, e expressa suas condolências a todos os afetados", afirma em um comunicado

Uma das unidades de confecção era a New Wave Style, que em seu site informa que trabalha para a empresa espanhola Mango e para a italiana Benetton.

O grupo Mango admitiu ter realizado um pedido de 25.000 artigos a uma das oficinas do prédio desabado.

O grupo Walmart informou que está investigando as acusações de militantes dos direitos dos trabalhadores de que também possui fornecedores no Rana Plaza.

Os desabamentos de imóveis em Bangladesh são frequentes, já que as normas de segurança da construção civil raramente são aplicadas no país. Em 2005, pelo menos 70 pessoas morreram no desabamento de uma fábrica têxtil na região de Dacca.

Em novembro de 2012, um incêndio em uma fábrica têxtil matou 111 pessoas no subúrbio de Dacca.

Também em novembro passado, 13 pessoas morreram na queda de uma ponte em construção na cidade portuária de Chitagong.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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