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Ásia

Camboja: tumulto em ponte durante festival deixa 345 mortos

22 nov 2010 - 21h00
(atualizado às 21h23)
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Pelo menos 345 pessoas morreram, segundo um balanço provisório, vítimas de um tumulto ocorrido nesta segunda-feira em uma ponte de Phnom Penh durante o tradicional Festival da Água, que atraiu milhares de cambojanos. A tragédia ocorreu durante a noite, hora local, na ponte que une Phnom Penh à Diamond Island, uma pequena ilha sobre o rio Mekong na qual eram celebradas as festividades do último dia do evento anual.

Autoridades tentam retirar cambojanos presos durante o tumulto em Phnom Penh
Autoridades tentam retirar cambojanos presos durante o tumulto em Phnom Penh
Foto: Reuters

Números divulgados sucessivamente foram aumentando rapidamente. Na madrugada de terça-feira, o porta-voz do governo Khieu Kanharith indicou que pelo menos 345 pessoas morreram na catástrofe. "A maioria morreu por asfixia ou ferimentos internos", indicou Khieu Kanharith, acrescentando que o número de feridos chega a 440.

O primeiro-ministro cambojano, Hun Sen, apresentou condolências às famílias das vítimas e declarou que as causas da tragédia não são conhecidas até o momento. "É preciso seguir investigando o que ocorreu", disse o primeiro-ministro, anunciando a criação de uma comissão para esse fim.

O chefe do governo inclusive chegou a dizer que se trata "da maior tragédia desde o regime (comunista do Khmer Vermelho) de Pol Pot", que matou cerca de dois milhões de pessoas, um quarto da população, entre 1975 e 1979. Hun Sen também anunciou que o Camboja irá realizar um dia de luto nacional na quinta-feira.

Segundo o porta-voz do governo, se espalhou entre a multidão o rumor de que a ponte não era estável. "Isso desencadeou um movimento de pânico. Havia muita gente, e não tinham por onde escapar", acrescentou. Logo após o tumulto, um fotógrafo viu os corpos de pelo menos 50 pessoas estendidos perto da ponte que leva à Diamond Island. Depois da confusão, podiam ser ouvidas pela cidade dezenas de ambulâncias chegando ao local.

Diversas pessoas começaram a se reunir na porta do hospital Calmette, para onde foram levados alguns dos mortos, e muitas choravam, constatou um jornalista da AFP. "Há 105 mortos no hospital Calmette", e outros cadáveres foram enviados a outros hospitais da capital, declarou à AFP um funcionário da polícia. Algumas testemunhas contaram que o tumulto começou na própria ponte.

"Estávamos cruzando a ponte em direção à Diamond Island quando as pessoas começaram a empurrar do outro lado. Havia muitos gritos e pânico", declarou à AFP Kruon Hay, de 23 anos, que ainda se encontrava no local. "As pessoas começaram a correr, e caíam umas sobre as outras. Eu também cai. Se sobrevivi foi porque houve pessoas que me levantaram. Muitos pularam na água", acrescentou.

Os policiais transportavam os corpos para fora da cena da tragédia, onde eram colocados no chão. A maior parte das vítimas era composta de jovens cambojanos. "É a maior tragédia que já vimos", declarou Sok Sambath, governador de Daun Penh, o distrito de Phnom Penh onde ocorreu o incidente.

Milhões de cambojanos encontravam-se em Phnom Penh para assistir às regatas, aos shows e à queima de fogos de artifício do Festival da Água. O evento, de três dias de duração, é a maior festividade tradicional do Camboja.

Sua finalidade é agradecer ao rio Mekong, que garante ao país a fertilidade de suas terras e a abundância de peixes. Fixado ritualmente na lua cheia de novembro, marca o final das cheias e um fenômeno único: a inversão do curso do rio Tonlé Sap.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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