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Ásia

Bebês são dados ao vivo em programa de TV no Paquistão

2 ago 2013 - 10h19
(atualizado às 10h20)
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Um dos programas de maior audiência da televisão do Paquistão dá bebês que esperam pela adoção e estão em uma entidade beneficente chamada Chhipa.

O diretor da instituição defendeu nesta semana a iniciativa e afirmou que não vai parar. "É uma forma de conscientizar a sociedade paquistanesa sobre a necessidade de não abandonar os bebês como se fossem animais", disse Ramzan Chhipa, também fundador da associação.

Apresentado pela maior estrela da TV paquistanesa, Aamir Liaquat, o programa faz um coquetel muito bem sucedido de religião e entretenimento e tem milhões de telespectadores diariamente.

O concurso de perguntas sobre o islã que dá todo tipo de prêmios, de eletrodomésticos a automóveis, incluiu recentemente uma nova atração: a entrega ao vivo de bebês abandonados para novos pais.

"Os dois casos até agora foram famílias que já tínhamos pesquisado e que tinham entrado com um pedido de adoção, como milhares, mas eles não sabiam que a criança ia ser entregue a eles ao vivo" declarou Chhipa.

"Amanhã teremos outro bebê, uma criança que acabamos de encontrar no lixo", acrescentou, garantindo que vai continuar dando as crianças da instituição na TV se "continuarem pedindo".

Chhipa insistiu que a entidade não recebe nada do canal ou do programa e que a iniciativa polêmica é puramente de conscientização social.

Nos dois episódios já exibidos, as crianças foram levadas nas mãos do apresentador, como um cheque ou um prêmio, e entregues aos novos pais, que estavam na platéia.

O quadro repercutiu muito na imprensa internacional, mas passou quase despercebido para os veículos locais, o que provocou críticas nas redes sociais.

"É vergonhoso", publicou um homem no perfil da associação em uma rede social, que acusou Chhipa de "salvar bebês com uma mão e brigar por publicidade barata com a outra".

Fontes da Unicef no Paquistão reconheceram a inexistência de estatísticas confiáveis sobre o abandono de crianças em um país que não possui legislação sobre adoção como a dos países ocidentais.

"Encontramos ou nos trazem mais de dez bebês por mês", contou Chhipa, que disse que a polícia é avisada em todos os casos. Ele revelou, no entanto, que não tenta encontrar a família da criança, só procura por outros pais.

O polêmico "Amán Ramadán", que diariamente ocupa mais de seis horas do horário nobre da emissora "Geo", é a versão estendida do programa de Liaquat, exibido o ano inteiro no mesmo canal.

O sucesso televisivo recebeu algumas críticas por forçar, até o limite do grotesco, a encenação religiosa para o entretenimento. O programa chegou a mostrar ao vivo a conversão ao islã de cidadãos hindus para a euforia do público e dos ulemás, que sempre estão junto a ele no palco.

De aspecto beato e supostamente devoto do islã, Liaquat, que gosta de ser chamado de doutor, esteve a dois anos no centro de uma polêmica depois que vazou um vídeo feito durante o intervalo do programa em que faz piadas pouco religiosas sobre os ulemás do palco.

"É um professor que não ensina, um doutor sem título, parte padre e parte 'prima donna'. É, definitivamente, uma estrela que só podia surgir no Paquistão", escreveu o colunista Assad Rahim Khan semana passada no jornal local "Express Tribune".

EFE   
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