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Copa das Confederações

Após décadas perdidas, Japão busca retomar espaço no cenário global

Primeiro adversário do Brasil na Copa das Confederações busca retomar o protagonismo que o levou a ser a segunda potência econômica mundial até os primeiros anos da década de 1990

15 jun 2013 - 08h07
(atualizado em 16/6/2013 às 11h28)
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Primeiro adversário do Brasil na Copa das Confederações e o primeiro país classificado para a Copa do Mundo do ano que vem, o Japão é uma potência futebolística asiática que ainda procura seu espaço no cenário mundial. Paralelamente, a nação que já foi cotada como a segunda potência mundial tenta recuperar o espaço perdido após 20 anos das chamadas "décadas perdidas".

Imagem mostra a capital japonesa, Tóquio
Imagem mostra a capital japonesa, Tóquio
Foto: AFP

Após ser destruído na Segunda Guerra Mundial, sendo alvo das duas únicas bombas atômicas já utilizadas na história, o Japão vivenciou um período de rapidíssimo crescimento econômico que o alçou ao posto de segunda maior economia do mundo em 1978.

Depois de crescer em média 10% ao ano na década de 1960 e 5% nos dez anos seguintes, o país ainda consolidaria sua posição de segundo maior mercado do mundo crescendo 4% na década de 1980, com altas de 7,1%, 5,4% e 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1988 e 1990. Esses últimos anos foram muito influenciados pela explosão nos preços das ações da bolsa de Tóquio e do mercado imobiliário. Em 1989, algumas propriedades do exclusivo distrito de Ginza, em Tóquio, eram vendidas por US$ 215 mil o metro quadrado, os mais caros do mundo.

Foto de 1999 mostra a ação da indústria da construção civil em Tóquio
Foto de 1999 mostra a ação da indústria da construção civil em Tóquio
Foto: AFP

No entanto, os preços se revelariam insustentáveis e irreais no início dos anos 1990, e logo despencariam com a explosão da chamada bolha de ativos. Os preços caíram por mais de uma década, com as propriedades chegando a custar menos de um décimo de seu pico em Tóquio. A partir de 1992, o PIB do Japão apresentou médias ínfimas de crescimento que perdurariam pelas duas décadas seguintes.

As chamadas décadas perdidas e o crescimento da China fizeram o país perder a grande participação que tinha no total da economia mundial. Em 1980, a economia japonesa era responsável por 9,17% do PIB mundial. Em 1990, atingiria o seu ápice, 9,9%. Em 2010, ano em que a China se tornou a segunda maior economia do mundo, a participação nipônica já era de apenas 5,87%.

Somente no primeiro trimestre de 2013 o país conseguiu voltar a vivenciar um potencial crescimento robusto, quando o PIB se elevou a um ritmo que projeta crescimento anual de 4,1%.

Após um boom no período pós-guerra, o Japão busca recuperar as "décadas perdidas"
Após um boom no período pós-guerra, o Japão busca recuperar as "décadas perdidas"
Foto: AFP

Potência sem poder político

No pós-guerra, sem Exército e automaticamente alinhado aos Estados Unidos em decorrência da ajuda financeira recebida, o Japão acabou não convertendo o seu grande poderio econômico em capital político. Em um mundo bipolar, dividido entre as esferas de influência dos Estados Unidos e da União Soviética, o Japão se alinhava aos primeiros e era deixado de fora do Conselho de Segurança da ONU em prol das nações vitoriosas da Segunda Guerra. O Japão até hoje pleiteia sem sucesso o seu espaço no órgão decisório da organização.

Muito da falta de presença do Japão como um importante país no cenário político mundial se dá graças à confusa política interna do país, marcada pela velocíssima sucessão de líderes à frente do governo.

Shinzo Abe, o atual primeiro-ministro do país, assumiu o cargo pela segunda vez em 26 de dezembro de 2012. Antes disso, ele já tinha governado o país por um ano entre 26 de setembro de 2006 e a mesma data de 2007. Entre seus dois governos, o país teve cinco outros premiês:  Yasuo Fukuda (27/09/2007-24/09/2008), Taro Aso (24/09/2008-16/09/2009), Yukio Hatoyama (16/09/2009-08/06/2010), Naoto Kan (08/06/2010-02/09/2011) e Yoshihiko Noda (02/09/2011-26/12/2012).

O ex-premiê Junichiro Koizumi, em foto de 2006
O ex-premiê Junichiro Koizumi, em foto de 2006
Foto: AFP

O último político a ficar no poder o tempo por pelo menos o equivalente a um mandato de um presidente brasileiro foi Junichiro Koizumi, que governou o país entre abril de 2001 e setembro de 2006.

Essa alta rotação no comando do governo se deve a rixas e disputas de poder internas dentro do Partido Liberal Democrático (PLD), que governou o país quase ininterruptamente por mais de 50 anos, entre 1955 e 2009 (com um breve intervalo em 1993), até perder a eleição-geral em 2009 para o Partido Democrático do Japão. O PLD, no entanto, voltaria ao poder em dezembro de 2012, após três premiês e três anos de governo impopular do PDJ culminarem na convocação de eleições antecipadas.

Além disso, atribui-se à incredulidade da imprensa e do público local a falta de suporte necessário para que os políticos permaneçam em seus cargos. De acordo com a revista britânica The Economist, para a opinião pública japonesa, o político local é invariavelmente "incapaz e corrupto" e pequenos casos são transformados em erros incontornáveis.  Um exemplo disso foi a queda o ministro da Justiça Mintoru Yanagida, em 2010, retirado do cargo após uma piada sobre sua atuação como ministro ser utilizada contra ele pela mídia local.

Abe agora tenta devolver enfim o Japão ao rumo do crescimento econômico sem ser vítima da sempre iminente degola. Para isso, ele tenta colocar em vigor um programa baseado em três pilares: aumento dos gastos do governo, massiva injeção de dinheiro por parte do banco central do país na economia e reformas estruturais que coloquem o país no eixo em longo prazo. Com os dois primeiros já em vigor e apresentando resultado, a menos em curto prazo, resta saber se seu governo terá duração e força suficiente para fazer com que o tumultuado Parlamento do país coopere para a efetivação do terceiro pilar. 

Fonte: Terra
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