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Ásia

Após apelo da ONU, países anunciam doações ao Paquistão

17 ago 2010 - 09h49
(atualizado às 10h30)
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Vários países anunciaram nesta terça-feira novas doações para as vítimas das inundações em Paquistão, depois que a ONU expressou preocupação com a lentidão da mobilização internacional e disse temer uma segunda onda de mortos nas regiões devastadas.

As inundações provocadas pelas chuvas torrenciais de monção afetaram um quinto do país em três semanas, varrendo povoados inteiros e alagando terras férteis. A catástrofe, a pior da história do país, matou até agora 1,6 mil pessoas.

Cerca de uma semana depois de ter pedido à comunidade internacional US$ 460 milhões de ajuda para socorrer os seis milhões de desabrigados mais vulneráveis, a ONU só havia recebido até a manhã desta terça-feira 35% desse montante.

O Japão anunciou o envio de US$ 10 milhões a mais de ajuda de emergência. A Áustria triplicou sua ajuda, elevando-a a US$ 35 milhões no total. a Turquia dobrou a quantia, a US$ 10 milhões.

A Arábia Saudita arrecadou US$ 20,5 milhões no primeiro dia de uma campanha nacional de doações para os flagelados, segundo anunciou a agência estatal SPA. Por seu lado, o Afeganistão contribuirá com uma ajuda de US$ 1 milhão.

O Banco Mundial se comprometeu a liberar US$ 900 milhões para o Paquistão, mas não informou o calendário de entrega.

As novas promessas de ajuda cobrem apenas uma parte do pedido da ONU, cujas agências têm dificuldades em reunir o dinheiro necessário para socorrer os cerca de 20 milhões de vítimas.

Na véspera, Maurizio Giuliano, porta-voz da Agência de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU, disse temer uma segunda onda de mortos entre os sobreviventes se não chegarem mais doações internacionais, destacando que 3,5 milhões de crianças estão ameaçados por enfermidades transmitidas pela água.

O porta-voz acrescentou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) se prepara para ajudar milhares de pessoas no caso do surgimento de uma epidemia de cólera.

A ONU anunciou no sábado a detecção de um primeiro caso de cólera em Swat (noroeste) e que pelo menos 36 mil pessoas sofriam de diarreia aguda.

Para os especialistas, a dificuldade que as Nações Unidas encontram para arrecadar dinheiro para o Paquistão é explicada pelo "déficit de imagem" do país no cenário internacional e pela mobilização massiva gerada pelo Haiti, que "cansou" os doadores.

Segundo os especialistas, a falta de generosidade dos doadores com o Paquistão é explicada, em primeiro lugar, pela falta de popularidade do país na comunidade internacional.

"Notamos um déficit de imagem do Paquistão na opinião pública ocidental", reconheceu Byrs.

Mais direta, Melanie Brooks, porta-voz da ONG Care International, considerou necessário explicar aos doadores que "o dinheiro não cairá nas mãos dos talibãs". "Os desabrigados são mães, camponeses, crianças. Mas no passado, as notícias sobre o Paquistão sempre foram relacionadas aos talibãs", lamentou.

O diretor geral da Médicos Sem Fronteiras em Paris, Filipe Ribeiro, concorda com Brooks. Para ele, a falta de entusiasmo é explicada, sobretudo, pela "imagem ruim que o Paquistão tem".

Nos meios de comunicação, prossegue Ribeiro, o Paquistão está "claramente ligado ao terrorismo e à corrupção", o que leva a crer que "as vítimas não são tão inocentes quanto outras".

Para ele, a imprensa também é culpada, por ter dado muito menos importância às enchentes no país do que ao tremor que devastou o Haiti.

Esta catástrofe, que deixou 225 mil mortos, 300 mil feridos e 1,3 milhão de pessoas desabrigadas e para a qual os doadores reuniram por volta de US$ 993 milhões, "cansou" os doadores, segundo Melanie Brooks.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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