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Ásia

Após linchamento brutal de mulher, afegãos são libertados

Jovem foi apedrejada até a morte, seu corpo arrastado por um carro pelas ruas da capital e em seguida incendiado

2 jul 2015 - 08h57
(atualizado às 08h58)
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Mulheres afegãs fizeram protesto em frente ao tribunal
Mulheres afegãs fizeram protesto em frente ao tribunal
Foto: BBC News Brasil

Um tribunal de apelação no Afeganistão anulou as penas de morte impostas aos quatro homens acusados de participar do linchamento de uma jovem, morta em março na capital Cabul.

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Farkhunda Malikzada, de 28 anos, foi atacada num santuário islâmico depois de ter sido acusada falsamente de ter queimado uma cópia do Corão, o livro sagrado do islamismo.

Ela foi apedrejada até a morte, seu corpo arrastado por um carro pelas ruas da capital e em seguida incendiado.

Parentes de Farkhunda e ativistas reunidos em frente ao tribunal protestaram contra a decisão, que foi tomada a portas fechadas, em uma sessão secreta.

Farkhunda foi atacada no centro da capital afegã
Farkhunda foi atacada no centro da capital afegã
Foto: BBC News Brasil

O dono do santuário, acusado de ter incitado a multidão contra Farkhunda depois de ter discutido com a jovem, também foi absolvido pelo tribunal de apelação.

Anteriormente, oito homens tinham sido condenados a 16 anos de prisão, além dos quatro condenados à forca.

Em maio, 11 policiais também foram condenados a 1 ano de prisão, acusados de não terem protegido Farkhunda, uma estudante dedicada do islamismo.

Estudante dedicada

Farkhunda foi descrita como uma estudante dedicada do islamismo.

A decisão tomada nesta quinta-feira cancela as penas de morte dos quatro condenados e determina que eles permanecerão presos por 20 anos.

Wazhma Frogh, uma das mais importantes ativistas em defesa dos direitos das mulheres no Afeganistão disse que a decisão era um exemplo de injustiça.

Frogh acrescentou que o caso mostrava que não é apenas o Talebã que ameaça os direitos das mulheres no país. Para ela, as mulheres afegãs são oprimidas pelo próprio sistema que controla o país.

O caso mobilizou mulheres afegãs revoltadas com a decisão que anulou a sentença de morte
O caso mobilizou mulheres afegãs revoltadas com a decisão que anulou a sentença de morte
Foto: BBC News Brasil

Em entrevista à BBC Persa, Najibullah Malikzada, irmão de Farkhunda, também criticou a decisão: "isso não é um tribunal, é apenas um show... A imprensa deveria estar presente, a família deveria estar presente, os advogados deveriam estar presentes”.

"Isso é um teatro. O mundo inteiro está rindo, debochando do sistema judicial do Afeganistão. Esses juízes têm famílias? Irmãs, mães, ou não? Eles têm coração? Não vamos acatar esta decisão", acrescentou Malikzada.

Kimberley Motley, um advogado americano que representou a família de Farkhunda no julgamento anterior, se disse decepcionado com a anulação das penas de morte.

 O caso mobilizou mulheres afegãs revoltadas com a decisão que anulou a sentença de morte

"Estou profundamente surpreso e decepcionado. Não houve transparência, e tudo isso gera muitas questões a serem respondidas que expliquem por que a decisão foi tomada desta forma, de portas fechadas".

"Existem provas claras e irrefutáveis tanto em relatos de testemunhas que presenciaram o linchamento como em imagens de vídeo que foram usadas no julgamento anterior."

Fonte: BBC Brasil
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