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Mundo

Analistas de Israel criticam Obama por pedir autorização para agir na Síria

9 set 2013 - 11h04
(atualizado às 11h32)
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Em Israel, muitos veem a eventualidade de um ataque americano à Síria como um teste sobre a disposição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em responder com firmeza às pretensões do Irã de dar continuidade ao seu programa nuclear.

Analistas e líderes políticos locais são quase unânimes em observar a reação do governo americano às armas químicas na Síria como um sinal sobre o possível comportamento da Casa Branca em relação ao potencial arsenal nuclear do Irã - um assunto que causa grande preocupação em Israel.

Para alguns analistas israelenses, a decisão de Obama de pedir ao Congresso autorização para uma ação militar na Síria seria um sinal de "fraqueza e hesitação" que põe em dúvida a sua capacidade de cumprir as promessas de impedir a todo custo que o Irã produza bombas nucleares.

Para Gerald Steinberg, cientista político da Universidade de Bar Ilan, o pedido da autorização do Congresso é uma tentativa de Obama de "se esquivar" da responsabilidade de uma operação militar.

Segundo a legislação dos Estados Unidos, o presidente não necessita de autorização do Congresso para uma ação militar contra outro país, desde que as tropas americanas não permaneçam em combate por mais de 60 dias.

Guerra civil em fotos
AFP

O Terra compilou alguns dos principais materiais fotográficos disponibilizados ao longo destes mais de dois anos de guerra na Síria. Cada imagem leva a uma galeria que conta um episódio específico ou remete a uma situação importante do conflito.

Em artigo publicado no site de notícias Ynet, Steinberg diz que o governo do Irã não tem o que temer: "A liderança iraniana pode prosseguir com seus esforços para obter armamento nuclear. As advertências feitas por Obama ao Irã...se configuram como meras palavras, sem conteúdo concreto. E, para Israel, qualquer expectativa de uma ação americana com o objetivo de bloquear o Irã, se distancia cada vez mais".

Em discurso feito em Washington em 2012, o presidente Obama disse que não hesitaria em usar força militar na defesa dos Estados Unidos e de seus interesses. Ele acrescentou que seu governo não iria tolerar que o Irã tivesse potencial nuclear: "A política de meu governo é impedir que o Irã obtenha armas nucleares".

Segundo o ex-embaixador de Israel na ONU (Organização das Nações Unidas) Dan Gillerman, com a decisão de pedir a permissão do Congresso, o presidente Obama "admitiu que os Estados Unidos deixaram de ser uma potência e expressou fraqueza e hesitação".

"Obama demonstrou que seus aliados não têm em quem confiar e seus inimigos não têm o que temer. Israel não tem em quem confiar, apenas em si mesmo", disse Gillerman em entrevista à radio estatal Kol Israel.

Embate diplomático
AFP

Os EUA querem intervir militarmente na Síria. Você sabe quem apoia o presidente Obama? E quem está do lado do regime sírio de Bashar al-Assad? Clique no mapa e confira quem é quem neste embate diplomático.

Lobby e ameaças

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, mantém a linha de não interferir abertamente na guerra civil do país vizinho, mas o governo americano pediu a ajuda do grupo lobista pró-Israel Aipac (American-Israel Public Affairs Committee, ou Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel, em tradução livre) para convencer os membros do Congresso dos EUA a aprovarem o ataque contra a Síria.

De acordo com o jornal Jerusalem Post, nesta semana centenas de membros do Aipac deverão se unir aos esforços do governo Obama na tentativa de convencer os congressistas americanos a apoiar a ação militar na Síria, com o argumento de que "a ausência de ação diante da utilização de armas químicas por Bashar al-Assad irá encorajar o Irã a prosseguir com seu programa nuclear".

Às vésperas do Ano Novo judaico, comemorado na semana passada, Netanyahu fez um discurso de advertência aos "inimigos" de Israel.

"Quero dizer a quem quiser nos atacar que não vale a pena", afirmou o premiê.

Suas palavras foram interpretadas como uma ameaça à Síria e ao grupo militante xiita libanês Hezbollah, mas sobretudo ao Irã.

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