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América Latina

"Se quiserem me matar, que me matem", diz Rafael Correa

30 set 2010 - 13h22
(atualizado às 18h08)
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"Se quiserem me matar, que me matem", disse nesta quinta-feira o presidente do Equador, Rafael Correa, ao desafiar policiais e militares que protagonizam uma revolta no país, através de uma janela do regimento do exército de Quito. Em um discurso improvisado, ele tirou a gravata e abriu a camisa para mostrar que não usava um colete à prova de balas.

Veja momento em que presidente do Equador é atacado:

Após discursar na janela do regimento, Correa foi atingido por bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia e levado ao hospital. Apoiado numa muleta pelo fato de que foi submetido há pouco a uma operação no joelho, o presidente conseguiu sair do quartel usando uma máscara de proteção e ajudado por seguranças depois da explosão das bombas de gás.

Correa foi levado para o hospital da polícia, onde foi atendido com sintomas de asfixia pelo gás. Do lado de fora, dezenas de policiais continuavam protestando.

Rafael Correa advertiu aos policiais que não cederá ante os protestos da polícia, que rejeita a lei aprovada pelo Congresso eliminando benefícios aos membros dessa instituição e das Forças Armadas.

"Não darei nenhum passo atrás. Se quiserem, tomem os quarteis, se quiserem deixar a cidadania indefesa e se quiserem trair sua missão de policiais", afirmou Correa em uma acalorado discurso ante dezenas de militares que tomaram o principal regimento de Quito.

"Se quiserem matar o presidente, aqui estou, matem-no se tiverem vontade, matem-no se tiverem poder, matem-no se tiverem coragem ao invés de fiar covardemente escondido na multidão", afirmou ainda. "Se quiserem destruir a pátria, aí está! Mas o presidente não dará nem um passo atrás".

Paralelo a isso, cerca de 150 membros da Força Aérea Equatoriana (FAE) tomaram nesta quinta-feira o aeroporto internacional de Quito. "Cerca de 150 efetivos da Força Aérea Equatoriana tomaram a pista do aeroporto Marechal Sucre e também a rua na entrada", afirmou à rádio Quito o porta-voz da empresa administradora Quiport, Luis Galárraga.

Os agentes também protestam em outros quarteis de Guayaquil (sudoeste) e Cuenca (sul), segundo informes policiais, mas a manifestação mais numerosa acontece na capital, onde ocorreram distúrbios.

As tropas equatorianas protestam por causa da eliminação de benefícios econômicos incluídos em uma reforma legal proposta pelo presidente Rafael Correa para cortar custos do Estado. No campo político, membros do próprio partido de Correa, de esquerda, estão bloqueando no Legislativo o projeto do governante, o que levou o presidente a considerar a dissolução do Congresso, medida que lhe permitiria governar por decreto até as próximas eleições.

Apesar de a imprensa estar se referindo aos protestos como uma tentativa de golpe, o chefe do comando das Forças Armadas do Equador, Ernesto González, garantiu que estão subordinados à autoridade de Correa. "Estamos em um Estado de Direito. Estamos subordinados à máxima autoridade que é o senhor presidente da República", afirmou o chefe militar em um pronunciamento transmitido pelos meios de comunicação locais.

A presidência do Equador recomenda aos cidadãos em seu perfil no Twitter que não saiam de casa e que mantenham a calma.

Fonte: Redação Terra
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