Novo líder paraguaio forma governo e ganha apoio do Judiciário
25 jun2012 - 16h45
(atualizado às 17h25)
Compartilhar
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, formou um novo governo nesta segunda-feira e recebeu o apoio do Poder Judiciário, além de contar com o respaldo do Legislativo, apesar do apelo à resistência feito pelo líder destituído Fernando Lugo e da pressão do isolamento internacional.
Paraguai vota impeachment de Fernando Lugo; entenda a crise:
Nove ministros juraram seus cargos ante Franco, cinco deles do Partido Liberal (o mesmo do novo líder), em cerimônia realizada no palácio de governo pouco após uma reunião do presidente com os responsáveis das principais companhias petrolíferas no país, que teve o fornecimento de petróleo da Venezuela cortado.
A cerimônia começou com um ligeiro atraso, justo quando concluía uma entrevista coletiva oferecida por Lugo a algumas quadras de distância, na modesta sede do Partido País Solidário, da coalizão de esquerda Frente Guazú, único grupo político que mantém apoio ao ex-bispo.
A quase totalidade dos parlamentares apoiou o "julgamento político" que na sexta-feira representou o impeachment de Lugo por "mau desempenho" de suas funções. Imediatamente o ex-líder demonstrou respeito pela decisão, mas acabou mudando sua postura original e, nesta segunda-feira, reuniu um gabinete paralelo de seus mais próximos colaboradores.
Dez ministros e colaboradores, basicamente membros da Frente Guazú, compareceram à reunião do que chamaram de "gabinete pela restauração democrática", no qual, segundo Lugo, estão "todas as forças que querem resistir" à tomada de poder por parte de Franco.
"Queremos nos converter nos fiscais observadores e monitorar os novos ministros", acrescentou o ex-presidente paraguaio, que fez um apelo pela "resistência pacífica" dos "descontentes".
Lugo, que comparou sua situação com a do ex-líder hondurenho Manuel Zelaya - destituído em junho de 2009 -, reiterou que pretende comparecer nesta semana à cúpula do Mercosul, na cidade argentina de Mendoza. Em resposta à destituição de Lugo, Brasil, Argentina e Uruguai decidiram suspender o Paraguai do bloco sul-americano por "ruptura da ordem democrática".
Embora o apoio popular pareça escasso e a tranquilidade reine em Assunção, que nesta segunda-feira voltou ao trabalho, Lugo se ampara no respaldo internacional que recebeu dos demais membros do Mercosul e de outros países que retiraram ou chamaram para consultas seus embaixadores do Paraguai nos últimos dias.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) anunciou uma reunião de seu Conselho Permanente para analisar a situação paraguaia na quarta-feira, véspera da cúpula do Mercosul, bloco acusado pelo governo Franco de "se exceder" por excluí-lo da reunião de Mendoza, o que "em nada contribui à paz e à tranquilidade pública do Paraguai".
Além da clamorosa rejeição legislativa à gestão de Lugo, o novo presidente contou nesta segunda-feira com a decisão da Corte Suprema de desprezar "sem mais trâmites" a "ação de inconstitucionalidade" interposta na sexta-feira passada pelo ex-governante. O recurso alegava que Lugo não teve tempo suficiente para articular sua defesa no processo de impeachment.
Em uma resolução que, ironicamente, recorre a argumentos de um texto de Direito Constitucional do advogado de Lugo, Emilio Camacho, a sala constitucional do Supremo aprovou o procedimento vertiginoso fixado pelo Senado para o "julgamento político", por estar dentro de suas prerrogativas.
"Como (o julgamento político) se trata de um procedimento que tecnicamente não é jurisdicional, as garantias próprias do processo judicial, embora possam ser aplicáveis, não o são de maneira absoluta, mas parcial (neste caso)", disseram os magistrados.
O julgamento político, segundo os juízes, representa "um procedimento parlamentar administrativo" no qual "se julgam condutas políticas" e não "um julgamento ordinário de caráter jurisdicional".
Diante de uma convocação para a resistência popular de Lugo, que nesta segunda-feira se reúne com sindicalistas e recebeu apoio, por enquanto, de ligas camponesas, o presidente do Partido Liberal, Blas Llano, anunciou nesta segunda-feira a uma emissora de rádio local uma manifestação de apoio a Franco na próxima quarta-feira, em frente ao Parlamento.
Também rompeu seu silêncio o pré-candidato presidencial do Partido Colorado, Horacio Cartes, acusado diretamente por Lugo de promover o impeachment. Em entrevista coletiva em um luxuoso hotel de Assunção, Cartes disse que "convinha eleitoralmente" ao Partido Colorado que Lugo terminasse normalmente seu mandato em 2013, segundo diversos meios de comunicação online.
"Mas pensamos na pátria", destacou o colorado, que citou outros dois pré-candidatos de seu próprio partido como promotores do julgamento, negou ter feito acordo com o liberal Llano e repudiou Lugo por pedir "rebelião e sanções internacionais".
Deputados paraguaios discutem o pedido de impeachment de Lugo, aprovado na quinta-feira, dia 21
Foto: EFE
Manifestantes protestam contra o pedido de impeachment de Lugo em frente ao Congresso, em Assunção
Foto: EFE
Após aprovação na Câmara de deputados, Senado inicia apreciação do pedido de impeachment de Fernando Lugo
Foto: EFE
Policiais antidistúrbios patrulham as ruas de Assunção; a chance de impeachment reforçou o policiamento para evitar confrontos no país
Foto: EFE
Policias acompanham movimentação em Assunção após o pedido do impeachment aprovado pela Câmara de deputados
Foto: EFE
Fernando Lugo disse que aceita passar por processo, mas que se recusa a renunciar
Foto: EFE
Foto: Terra
Manifestantes protestam contra o impeachment de Fernando Lugo em frente ao Congresso do Paraguai, em Assunção
Foto: AFP
Enrolado na bandeira paraguaia, homem passa por faixa pendurada perto do Congresso do país
Foto: Reuters
Apoiador de Fernando Lugo se une aos manifestantes com as cores da bandeira do Paraguai pintadas no rosto
Foto: Reuters
Mulher e duas crianças fazem vigília na Praça das Armas, em Assunção, em apoio ao presidente paraguaio
Foto: AP
Moradores protestam contra o impeachment de Fernando Lugo em frente ao Parlamento do Paraguai, em Assunção
Foto: AP
O presidente Fernando Lugo, que passa por um processo de impeachment, chega à sede do governo, em Assunção. Neste local, Lugo observará o transcorrer de seu julgamento de impeachment, enquanto os seus advogados fazem a sua defesa no Senado do país
Foto: AFP
O presidente do Senado do Paraguai, Jorge Oviedo Mato, conversa com os chanceleres da Unasul durante reunião
Foto: AFP
Equipe jurídica de Fernando Lugo durante a reunião no Senado paraguaio que vai decidir o futuro do chefe de Estado
Foto: EFE
Atirador posicionado sobre prédio do Parlamento paraguaio observa manifestação de apoiadores de Fernando Lugo na Praça das Armas, em Assunção
Foto: AP
Milhares de paraguaios se reúnem na Praça das Armas em protesto contra o julgamento político de seu presidente
Foto: AP
Segurando bandeiras do Paraguai e portando cartazes denunciando um "golpe de Estado", paraguaios fazem manifestação em apoio a Lugo
Foto: AP
O presidente Fernando Lugo foi acusado de "mau desempenho" em suas funções, em um julgamento promovido pela Câmara dos Deputados
Foto: AP
Com as cores da bandeira do Paraguai no rosto, manifestante apoia Fernando Lugo, acusado de responsabilidade pelas mortes de 11 camponeses e sete policiais em um confronto, na última sexta-feira, na fazenda de Curuguaty, próximo à fronteira com o Paraná
Foto: AP
A polícia age contra manifestantes que se amotinaram após o anúncio do impeachment
Foto: AFP
Segundo a imprensa paraguaia, os manifestantes tentaram ultrapassar as grades de metal que protegiam o Parlamento
Foto: AFP
Logo após o anúncio do afastamento de Fernando Lugo da presidência paraguaia, a multidão que aguardava o resultado na praça em frente ao Congresso explodiu em protestos; a polícia antimotim imediatamente agiu usando canhões d'água
Foto: AFP
Policiais e manifestantes correm durante distúrbios que explodiram nas ruas do Paraguai após o anúncio do impeachment de Fernando Lugo
Foto: EFE
Enfurecidos, apoiadores de Fernando Lugo protestam contra decisão do Congresso de destituir o presidente por "mau desempenho de funções"
Foto: AFP
Paraguaio é detido pela polícia ao tentar entrar invadir o escritório da vice-presidência do país, em Assunção
Foto: AFP
Protestos explodiram no início da noite no Paraguai, culminando em confrontos entre polícia e manifestantes favoráveis ao presidente deposto Fernando Lugo nas ruas do país
Foto: AFP
Após o impeachment, Fernando Lugo fez um pronunciamento emocionado de despedida da presidência
Foto: AFP
Federico Franco faz seu primeiro discurso como presidente do Paraguai
Foto: Reuters
Foto: Terra
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, chega ao palácio presidencial cercado por agentes de segurança. Franco fez neste sábado sua primeira reunião na condição de mandatário da nação, cargo assumido após um processo relâmpago que culminou no impeachment de Fernando Lugo
Foto: Reuters
Na segunda entrevista coletiva após tomar posse, o novo presidente do Paraguai escolheu o Brasil como um dos temas principais. Federico Franco disse que espera manter com o país vizinho e a presidente Dilma Rousseff relações harmônicas
Foto: Reuters
O núncio (representante do Vaticano) da Igreja Católica no Paraguai, Eliseo Antonio Ariotti (D), disse que Franco pode contar com o apoio dos católicos para exercer os 11 meses de governo que tem pela frente
Foto: AFP
Soldado paraguaio patrulha o palácio presidencial em Assunção: ao contrário do clima tenso registrado após o anúncio do impeachment de Fernando Lugo, o clima de normalidade impera neste sábado nas principais ruas e avenidas da capital paraguaia
Foto: Reuters
Federico Franco saúde forças de segurança ao chegar ao palácio presidencial em Assunção. O recém-empossado presidente paraguaio deve ficar no cargo até que um novo mandatário seja eleito, em agosto de 2013
Foto: Reuters
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, durante culto ecumênico em frente à catedral de Assunção
Foto: Agência Brasil
A Igreja Católica do Paraguai cobrou do novo presidente, Federico Franco, que promova a reforma agrária e garanta a inclusão social, melhorando os serviços de saúde e educação, além de empregos com qualidade
Foto: Agência Brasil
23 de Junho
Foto: Terra
O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, José Luiz Fernandes Estigaribia, afirmou que o país irá continuar negociando o reconhecimento do governo
Foto: Daniel Favero / Terra
Confronto entre policiais e sem-terra em uma área ruraldo país, que terminou com 17 mortes, desencadeou a queda do presidente
Foto: Agência Brasil
Lugo fez um apelo neste domingo para que os paraguaios reajam com manifestações pacíficas
Foto: Agência Brasil
O ex-presidente Fernando Lugo afirma que foi alvo de um golpe de Estado
Foto: Agência Brasil
Lugo sofreu um processo de impeachment na última sexta-feira e causou polêmica no país
Foto: Daniel Favero / Terra
Cerca de 100 pessoas se aglomeraram em frente à TV Pública do Paraguai, na capital Assunção, para seguir com os protestos contra a destituição do ex-presidente Fernando Lugo
Foto: Daniel Favero / Terra
Foto: Terra
Fernando Lugo se reúne com os ex-integrante de seu governo na sede do Partido País Solidário (PPS)
Foto: Reuters
Lugo bebe o tradicional tererê paraguaio durante o encontro
Foto: Reuters
O ex-presidente disse que mantém conversas com o governo argentino para tentar viabilizar sua presença na próxima reunião do Mercosul
Foto: Reuters
Jornalistas cercam o ex-presidente Fernando Lugo após reunião com antigos integrantes de seu governo. Lugo afirmou que está criando uma espécie de gabinete paralelo com os ex-integrantes de seu governo para "fiscalizar" as ações de seu sucessor, Federico Franco
Foto: Reuters
Grupo de estudantes, sindicalistas e membros de movimentos sociais brasileiros protestou contra deposição de Fernando Lugo em frente ao consulado paraguaio em São Paulo
Foto: EFE
Federico Franco (D) se reuniu com seus ministros recém-empossados nesta segunda-feira em Assunção
Foto: AP
Ministros nomeadeos pelo novo presidente paraguaio, Federico Franco, tomam posse em Assunção
Foto: AP
Grupo de camponeses favorável a Fernando Lugo, presidente destituído na semana passada pelo Congresso, após processo de impeachment, chegou a Assunção nesta segunda-feira
Foto: Daniel Favero / Terra
Marcha dos camponeses ocorre no mesmo dia em que o Partido Liberal Autentico Radical (PLRA) anunciou uma manifestação, a ser realizada na quarta-feira, em favor do presidente paraguaio Frederico Franco
Foto: Daniel Favero / Terra
Os camponeses disseram que temem uma possível reação violenta do governo paraguaio
Foto: Daniel Favero / Terra
Gritando palavras de ordem, em um idioma que mescla espanhol e guarani, os camponeses não têm data para voltar para casa
Foto: Daniel Favero / Terra
Os camponeses se uniram aos manifestantes que, desde sexta-feira, se aglomeram em frente ao prédio da TV Pública do Paraguai
Foto: Daniel Favero / Terra
Um grupo de aproximadamente 50 camponeses chegou a Assunção para se unir aos manifestantes favoráveis a Fernando Lugo
Foto: Daniel Favero / Terra
Foto: Terra
O general aposentado Lino Oviedo (centro_ aguarda a cerimônia de posse de Manuel Ferreira como ministro da Economia
Foto: AP
O presidente paraguaio, Federico Franco, cumprimenta o presidente do Parlamento, Jorge Oviedo Matto, antes de fazer um juramento
Foto: AP
O presidente Federico Franco chega à cerimônia para seu recém nomeado ministro da Educação, em Assunção
Foto: AP
O novo presidente paraguaio presta um juramento ao nomear o novo ministro da Educação
Foto: AP
O presidente Federico Franco acena após a cerimônia de juramento, em Assunção
Foto: AP
Lugo participa da reunião de seu gabinete paralelo ao governo de Franco
Foto: AP
O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, deposto na sexta-feira, sorri em reunião de seu antigo gabinete
Foto: AP
Foto: Terra
Após ter todos os recursos rejeitados pela Justiça paraguaia, o ex-presidente Fernando Lugo, destituído do poder na semana passada, apresentará recurso junto à Corte Interamericana de Diretos Humanos para tentar voltar ao poder. Além disso, Lugo percorrerá diversos departamentos (Estados) para apresentar sua defesa e reunir apoiadores
Foto: AP
O presidente paraguaio, Federico Franco, apresentou seu plano de governo ao Congresso em busca de apoio financeiro para os próximos 14 meses de gestão, após assumir o poder no lugar do deposto Fernando Lugo, com o país isolado dos vizinhos em termos diplomáticos
Foto: AP
Os parlamentares se comprometeram perante Franco a nomear rapidamente um vice-presidente. A Constituição paraguaia prevê que o Congresso deve nomear um vice-presidente se a mudança de governo ocorrer na parte final do mandato, que se estende até agosto de 2013
Foto: AP
Franco visitou líderes militares na sua qualidade de comandante-em-chefe das Forças Armadas
Foto: AP
Lugo pretende se reunir com grupos de diversos setores para apresentar sua defesa com o objetivo de arrebanhar apoiadores e incitar as manifestações pacíficas e contrárias à sua destituição