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Brasil descarta intervenção no Paraguai após impeachment

24 jun 2012 - 16h03
(atualizado em 25/6/2012 às 17h33)
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O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, descartou a possibilidade de o Brasil e os demais países do Mercosul (Argentina e Uruguai) intervirem em questões internas do Paraguai. Garcia reiterou as críticas do governo brasileiro à forma como foi conduzido o processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, que na última sexta-feira foi substituído por seu vice, Federico Franco.

A presidência de Lugo foi sacudida por reiteradas denúncias de paternidade feitas por várias mulheres, que pediam exames de DNA por filhos que, segundo elas, tiveram com o mandatário enquanto era bispo de San Pedro, Departamento mais pobre do país
A presidência de Lugo foi sacudida por reiteradas denúncias de paternidade feitas por várias mulheres, que pediam exames de DNA por filhos que, segundo elas, tiveram com o mandatário enquanto era bispo de San Pedro, Departamento mais pobre do país
Foto: AFP

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Em entrevista à Agência Brasil, Marco Aurélio Garcia rechaçou qualquer atitude que sinalize uma tentativa de intervenção em questões internas paraguaias. Ele reforçou que isso não ocorrerá nem por parte do governo do Brasil, nem do Mercosul.

O Brasil assumirá no fim da próxima semana, em reunião de cúpula, na Argentina, a presidência temporária do bloco, por seis meses, e a pauta principal da reunião deverá ser o impeachment de Lugo. Da parte brasileira, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência disse que o governo federal vai agir "sintonizado com as medidas adotadas pelo Mercosul".

Garcia considera "impossível" qualquer reversão do que foi decidido pelo Congresso paraguaio. Para ele, qualquer ação nesse sentido teria que ser tomada "por ações internas" do país. Ele, no entanto, reiterou a postura do governo brasileiro de avaliar o impeachment de Lugo como um "rito sumário" e sem qualquer chance de defesa.

O embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos, chega na segunda-feira a Brasília, quando se reunirá com o chanceler Antonio Patriota para fazer um relato da situação no política no país vizinho. "Em si, a convocação do embaixador pelo governo já é um sinal de desconforto com o que aconteceu", destacou Marco Aurélio Garcia.

O assessor especial acrescentou que, neste primeiro momento, os países integrantes do Mercosul devem chamar seus embaixadores para reunirem informações. A partir daí, a segunda etapa será decidir qual atitude será adotada.

Segundo ele, o momento é para avaliar a situação e "deixar essa crise no Paraguai decantar para ver como vai ficar". Em um primeiro momento, o embaixador Eduardo Santos fará os relatos a Patriota. Caso a presidenta Dilma Rousseff considere conveniente ter uma conversa com Santos, poderá chamá-lo, disse Marco Aurélio Garcia.

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência

No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Curaguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

Agência Brasil Agência Brasil
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