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Paraguai "não está em ordem" com novo governo, diz Lugo

24 jun 2012 - 14h45
(atualizado em 25/6/2012 às 17h35)
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Daniel Favero
Direto de Assunção

O presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, disse na manhã deste domingo que o país não "está seguro" com o novo governo e rebateu as declarações do Ministério das Relações Exteriores de que a Argentina não tinha representantes há mais de três meses.

O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo disse que sofreu um "golpe de Estado parlamentar"
O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo disse que sofreu um "golpe de Estado parlamentar"
Foto: Daniel Favero / Terra

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"América do Sul se sente ferida em um espaço democrático que foi marcado em um processo limpo e transparente como aconteceu no dia 20 de abril de 2008", disse, em referência ao dia da sua eleição. "Temos bem claro que isso foi um golpe de Estado parlamentar. Não é como muitos querem passar de que aqui tudo está tranquilo. O Paraguai não está tranquilo, não está em ordem. Aqui, se interrompeu um processo democrático e esses cidadãos que estão nas ruas, na televisão pública... isso vai continuar", afirmou.

Diferentemente do que declarou o presidente do Paraguai, Federico Franco, Lugo disse que não vai colaborar com o processo diplomático que visa melhorar a relação do Paraguai com outros países que ainda não reconheceram o novo governo. "Esse é um governo que não é um governo legítimo, que os cidadãos não aceitam, partido nas institucionalidade da República, não se pode colaborar com um governo que não tem a legitimidade", afirmou.

Segundo ele, "motivos ocultos" fizeram com que ele fosse destituído do governo. "Motivos ocultos que não são ditos. Este governo teve outra visão sobre como agir em relação aos mais desprotegidos, sobre as políticas sociais, da terceira idade, com as crianças, saúde gratuita... e outras medidas democráticas, esses são os motivos", afirmou.

Lugo disse ainda que está conversando com representantes da União das Nações Sul-americanas (Unasul) para ver quando ocorre a transferência da presidência (hoje exercida pelo Paraguai) ou se isso vai ocorrer em reunião conjunta durante a Cúpula do Mercosul.

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência

No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Cuaraguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

Fonte: Terra
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