Venezuela: milhares manifestam apoio a Chávez em Caracas
Dezenas de milhares de venezuelanos encheram nesta quinta-feira as ruas do centro de Caracas aos gritos de "Eu sou Chávez!" no dia em que o presidente deveria assumir seu terceiro mandato. "Como ele não pode vir, estamos aqui para tomar posse. Nós o amamos", disse à AFP Cleofelia Aceros, enquanto caminhava em direção ao palácio presidencial de Miraflores -lugar marcado para a concentração- pela avenida Urdaneta, ocupada por uma maré vermelha de chavistas -cor do partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Entenda o impasse na Venezuela
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Entenda por que o futuro político Venezuela é incerto
Acompanhe a cronologia do caso
10/12: Chávez viaja a Cuba para nova cirurgia
11/12: Operação terminou com êxito, diz vice
18/12: Chávez teve infecção respiratória, diz governo
30/12: Por complicações pós-cirurgia, estado segue delicado
04/01: Chávez sofre de "severa infecção pulmonar"
05/01: Venezuela: aliado de Chávez é reeleito na Assembleia
07/01: Cabello convoca "grande reunião" para dia da posse
08/01: Chávez não tomará posse em 10 de janeiro, anuncia governo
09/01: Supremo venezuelano afirma que posse de Chávez não é necessária
À tarde, o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, se juntou à concentração. Vestido com um traje esportivo vermelho, Maduro subiu no palco principal, enquanto os presidentes da Bolívia, Evo Morales, da Nicarágua, Daniel Ortega, e do Uruguai, José Mujica, ocupavam seus assentos, assim como outros ministros e autoridades da região. Depois da chegada de Maduro e do número três do chavismo, Diosdado Cabello, a multidão cantou o hino venezuelano acompanhando uma gravação em que era possível ouvir a voz do mandatário, 58 anos.
Com um "Até a vida sempre!", Hugo Chávez se despediu há um mês dos venezuelanos para viajar a Cuba para ser submetido pela quarta vez a uma cirurgia contra um câncer. Desde então, Chávez, que durante 14 anos de governo manteve uma presença quase diária nas telas de televisão, não tem se comunicado com o país. Seu estado é "estacionário", em um quadro de insuficiência respiratória, segundo o último boletim divulgado na segunda-feira pelo governo.
"Se Chávez tivesse vindo hoje tomar posse, eu também teria vindo. Não muda nada o fato de não estar aqui. Levamos ele no coração", afirmou à AFP Luis Brito, 60 anos, professor de Direito vindo de Puerto la Cruz, no noreste do país. O ato transcorre em um ambiente descontraído depois de uma forte controvérsia constitucional resolvida pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) na quarta-feira. A instituição decidiu que Chávez não deve ser substituído e que seu governo será mantido, em decisão aceita pelo líder da oposição, Henrique Capriles.