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América Latina

Venezuela: governo e oposição apelam às Forças Armadas

5 abr 2014 - 02h15
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o dirigente da oposição que está na prisão, Leopoldo López, apelaram nesta sexta-feira às Forças Armadas do país, o primeiro para pedir unidade e impedir os "projetos neofascistas" e o segundo para exigir respeito à Constituição.

As solicitações à Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) acontecem depois que a procuradora-geral do país, Luisa Ortega, informou nesta sexta-feira que já foram apresentadas as acusações contra López que o vinculam com o desfecho violento da manifestação antigovernamental do dia 12 de fevereiro.

A Promotoria formulou as acusações um dia antes do vencimento do prazo de 45 dias para que as fizesse após sua detenção, no dia 18 de fevereiro, e, por isso, o partido de López, Voluntad Popular (vontade popular, VP), convocou um protesto hoje para exigir sua libertação. "Em Caracas, o cidadão Leopoldo López Mendoza, economista, foi acusado pelos delitos de instigação pública, danos à propriedade e incêndio em grau de determinador (autor intelectual), além de formação de quadrilha", disse Ortega.

López pediu que às forças de segurança "não obedeçam ordens que violem a Constituição" através de uma carta que foi lida por sua esposa, Lilian Tintori, diante de centenas de simpatizantes que se concentraram em uma praça do leste de Caracas para pedir sua libertação. Na carta, dirigida aos guardas, policiais, promotores e juízes, o líder opositor pediu que os mesmos "não se posicionem no lado obscuro da história neste momento".

Horas mais tarde, Lilian escreveu no Twitter de López algumas mensagens do dirigente opositor afirmando que o mesmo não quer a justiça "de uma ditadura" e pedindo que o "povo da Venezuela" não se renda, pois ele não irá fazê-lo.

Juan Carlos Gutiérrez, um dos advogados de López, disse à Agência Efe que, de acordo com as acusações da Promotoria, o dirigente pode ser condenado a cerca de 12 anos de prisão, mas esclareceu que, por enquanto, as acusações formuladas hoje são apenas "um pedido de processo".

Os manifestantes que se mobilizaram em apoio a López e outros políticos e estudantes presos decidiram permanecer na praça, depois que o dirigente do VP Freddy Guevara propôs essa "nova modalidade de protesto" (o acampamento).

As pessoas "vão mostrar quanto tempo estão dispostas a permanecer nas ruas", disse Guevara ao convocar o primeiro dia da maratona "de 24 horas seguidas" de protesto contra o encarceramento de López e dos prefeitos Daniel Ceballos e Enzo Escarano, todos integrantes do Voluntad Popular, por suposta incitação da violência.

No entanto, a iniciativa foi barrada pela Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB, Polícia Militar) que dispersou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, disparos de balas de chumbo e até pedras.

O deputado do VP Juan Guaidó disse à Efe que a repressão da manifestação aconteceu durante a tarde e que não foram atacados apenas os manifestantes acampados no local, mas também outro grupo que se mobilizou em outro protesto nos arredores da praça.

A ação policial deixou um número ainda não determinado de feridos, incluindo o fotógrafo da Agência Efe, o colombo-venezuelano Miguel Gutiérrez, que caminhava junto de um grupo de manifestantes em direção à outra praça e foi atingido por disparos de balas de chumbo.

A repressão aos simpatizantes de López acontecia enquanto o presidente Maduro se dirigia ao país em rede nacional obrigatória de rádio e televisão, na qual condenou aqueles que recorrem às armas de fogo para confrontar os manifestantes contrários ao seu governo e garantiu que as pessoas que incorrerem nesse tipo de ação terão que prestar contas à Justiça.

Mais cedo, Maduro pediu que as Forças Armadas mantivessem sua unidade, após assegurar que "os imperialistas" estão em busca de uma brecha no corpo de defesa para criar uma crise militar que permita o desenvolvimento de "projetos neofascistas". 

Além disso, Maduro afirmou que os protestos no país contra o seu governo há quase oito semanas são parte desse plano de "desintegração" e garantiu que a "destruição" deixou prejuízos materiais de aproximadamente US$ 15 bilhões.

O presidente insistiu que existe um grupo na oposição que tem um plano separatista, "elaborado no exterior", para separar seis Estados dos 23 que formam o país e que esse é um dos objetivos dos protestos.

EFE   
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