Venezuela dá por encerrado diálogo com EUA após declarações de embaixadora
O governo venezuelano anunciou no final da noite desta sexta-feira que o diálogo iniciado com os EUA há um mês e meio na Guatemala para normalizar as relações entre ambos os países foi rompido, após as declarações da próxima embaixadora americana na ONU, Samantha Power.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela indicou que, com o respaldo dado pelo Departamento de Estado americano a "a agenda intervencionista" de Samantha Power, "a República Bolivariana da Venezuela dá por encerrado os processos iniciados nas conversas da Guatemala".
Na última quarta-feira, durante sua audiência de confirmação do cargo perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado, a futura embaixadora se comprometeu a "dar uma resposta a repressão da sociedade civil registrada em países como Cuba, Irã, Rússia e Venezuela".
A Venezuela desqualificou as declarações da americana, e o próprio presidente, Nicolás Maduro, exigiu ontem uma retificação ao governo dos EUA.
No entanto, uma porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, indicou hoje que "Samantha Power é uma candidata sobressalente extraordinária e incrivelmente competente. A respaldamos completamente".
"A República Bolivariana da Venezuela jamais aceitará ingerências de nenhum tipo em seus assuntos internos", indicou a Chancelaria venezuelana em seu comunicado de resposta.
A Chancelaria assinalou que, como expressou Maduro, "construir uma boa relação com o governo dos Estados Unidos depende da pratica do respeito mútuo e do reconhecimento absoluto e total dos princípios de soberania e autodeterminação".
Nesse sentido, o governo venezuelano "rejeita categoricamente" as declarações de Samantha Power e assinala que suas opiniões foram "avaliadas e respaldadas" pelo Departamento de Estado, "contradizendo o tom e o conteúdo do expressado" pelo secretário de Estado, John Kerry, no encontro que manteve com o chanceler venezuelano, Elías Jaua, na Guatemala.
"É inaceitável e infundada a preocupação expressada pelo governo dos EUA", indicou a Chancelaria, ressaltando que o governo venezuelano "demonstrou amplamente que possui um sólido sistema de garantias constitucionais para preservar a prática e o respeito irrestrito aos Direitos Humanos".
Caracas e Washington iniciaram na Guatemala o caminho para recuperar as relações bilaterais entre os países, que se encontram estagnadas desde 2010, quando ficaram sem embaixadores em um de seus pontos mais baixos.