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América Latina

Uruguai: há 'campanha política' contra Minustah no Haiti

4 out 2011 - 18h21
(atualizado às 19h21)
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O ministro da Defesa uruguaio, Eleuterio Fernández Huidobro, disse nesta terça-feira que há uma campanha de desprestígio contra os capacetes azuis no Haiti, por trás da qual há "poderosos interesses", e afirmou que é provável que o Uruguai seja processado por algum tribunal internacional. "Considero que há uma campanha política, sem tirar a gravidade do que foi feito por esses oficiais das Forças Armadas nacionais", disse Fernández Huidobro a jornalistas após comparecer diante da Comissão de Defesa da Câmara dos Deputados para tratar de uma acusação de estupro de um jovem haitiano por parte de cinco marinheiros uruguaios, membros da Missão da ONU para a Estabilização do Haiti (Minustah).

"Mas, aproveitando esse crime, houve uma campanha de desprestígio contra os 35 mil homens e mulheres do Uruguai que estiveram nas missões de paz, que deixaram sua vida - houve 30 mortos -, que ficaram mutilados para a vida toda", completou. "Desprestigiar tudo isso porque uma pequena minoria cometeu um crime, isso é uma campanha inadmissível", afirmou Fernández Huidobro, assegurando que por trás dessa campanha "há interesses econômicos e políticos, há pessoas que querem ficar com o Haiti".

A denúncia de estupro abalou o Uruguai no início de setembro após a divulgação na internet de um vídeo de 45 segundos com imagens do crime. Desde então, a justiça militar anunciou em 19 de setembro a prisão dos cinco marinheiros envolvidos nos crimes de desobediência e omissões no serviço.

O governo passou o caso para a justiça penal uruguaia, que informou que pretende enviar ao Haiti emissários para interrogar a vítima, que ainda não foi localizada. Segundo afirmou na semana passada o procurador uruguaio encarregado do caso, Eduardo Fernández Dovat, os advogados americanos do haitiano supostamente abusado pediram 5 milhões de dólares para retirar a denúncia.

"Pedem 5 milhões de dólares", confirmou Fernández Juidobro. "Tudo é bastante extravagante e insólito", considerou, explicando que no Uruguai não se pode chegar a um acordo monetário para que a justiça não intervenha. O haitiano supostamente abusado é representado pelos advogados Edwin Marger, Bob Barr e Mike Puglise, assessores do ex-ditador haitiano Jean-Claude 'Baby Doc' Duvalier (1971-1985), que retornou ao Haiti em janeiro deste ano após 25 anos de exílio na França.

"Esse grupo de advogados americanos são conhecidos de 'Papa Doc' e de 'Baby Doc', do duvalierismo que está tomando grande força no Haiti novamente", afirmou Fernández Huidobro, em referência a Duvalier, que sucedeu em 1971 seu pai François Duvalier 'Papa Doc', eleito presidente em 1957. "Estou falando de pessoas que produziram genocídios no Haiti, contra quem operaram recentemente a Anistia Internacional e outras organizações de direitos humanos", acusou Fernández Huiodobro.

"Há poderosos interesses aqui, Duvalier não chegou casualmente ao Haiti", completou. "Uma personalidade desse calibre, temos que pensar em interesses enormes por trás dele". "Há interesses econômicos e políticos, há pessoas que querem ficar com o Haiti", assegurou. Segundo o ministro, "o mais provável é que se esteja às vésperas de um processo em algum organismo internacional contra o Uruguai".

O Uruguai é o país que conta com mais oficiais na força da ONU nesse país caribenho, cerca de 900 soldados, em relação a sua população total, de cerca de 3,4 milhões de habitantes. Depois de ser divulgada a denúncia de estupro, o presidente uruguaio, José Mujica, pediu desculpas em uma missiva ao presidente do Haiti Michel Martelly, e se comprometeu a aplicar as máximas sanções aos responsáveis pelo abuso.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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